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Professora obesa impedida de assumir cargo perde 30 kg e ganha na Justiça

A bióloga Ana Carolina em fotos antes (à esq.) e depois (centro e dir.) de perder peso - Arquivo pessoal
A bióloga Ana Carolina em fotos antes (à esq.) e depois (centro e dir.) de perder peso Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

09/05/2016 20h08Atualizada em 10/05/2016 08h33

Com 1,65 m de altura e 119 quilos, a bióloga Ana Carolina Buzzo Marcondelli prestou um concurso público para ser professora da rede estadual de São Paulo. Passou em 15º lugar e deveria ter assumido o cargo em março de 2014. Porém, foi barrada no exame médico.

O Departamento de Perícias Médicas do Estado afirmou que ela tinha obesidade mórbida e outros problemas de saúde.

Mais de dois anos depois, após uma cirurgia de redução no estômago e com 30 quilos a menos, Ana Carolina ganhou uma ação na Justiça que lhe dá o direito de assumir a vaga. A decisão foi da 12ª vara da Fazenda Pública da Capital e ainda cabe recurso.

"Valeu a pena lutar, todas as lágrimas derramadas, todo o nervoso que eu passei. Essa vaga sempre foi e minha e agora, de fato, ela será", disse.

Ela deve trabalhar como professora de biologia em Matão, a 305 km da capital paulista. "Vou ensinar de uma maneira que todos eles [os alunos] vão querer muito aprender, sempre buscando mais. Vão se tornar seres pensantes e nunca vão deixar serem passados para trás. A minha missão como professora recomeçará."

Perícia diz que segue critérios técnicos

O governo estadual afirmou ao UOL que ainda não foi notificado e, por isso, não pode confirmar quando Ana Carolina deve começar a trabalhar. Disse, ainda, que a Diretoria Regional de Ensino de Araraquara (SP) está à disposição da professora para prestar informações. 

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo disse ter acompanhado o caso e ser contra a política do governo estadual de barrar obesos aprovados em concurso.

O UOL não conseguiu falar com o Departamento de Perícias Médicas. Anteriormente, o órgão havia informado, em nota, que segue critérios técnicos e científicos previstos no Estatuto dos Funcionários Públicos.

Obesidade e cirurgia de redução do estômago

Ao passar pela primeira perícia médica, em 2014, Ana Carolina tinha IMC (Índice de Massa Corporal) de 43 e foi barrada. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a pessoa com índice acima de 40 tem obesidade mórbida.

A professora recorreu ao Departamento de Perícias Médicas do Estado, mas o pedido foi negado por duas vezes. Ela, então, entrou com uma ação na Justiça.

A Justiça determinou que fosse feita uma nova perícia, em novembro de 2015, em outro lugar --o Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo.

Nesse meio tempo, Ana Carolina passou por uma cirurgia de redução do estômago. Na data da nova perícia, ela estava com Índice de Massa Corporal de 33,8 e deixou de ser considerada obesa mórbida.

"Não fiz a cirurgia para assumir a vaga. Fiz a cirurgia para ter melhor qualidade de vida. Estou feliz com os 30 quilos que perdi e continuo saudável", afirma.

Indenização e salários atrasados

A professora diz que pretende pedir indenização por ter sido exposta a uma condição vexatória.

A advogada dela, Giovana Scopin, afirma que a Justiça determinou, ainda, o pagamento dos salários a partir de novembro de 2015, data da perícia em que ela foi aprovada.

"Mas vamos solicitar que os valores sejam retroativos a março de 2014, quando deveria ter assumido o cargo", diz.

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