Brasil compra feijão de Argentina e China, mas 'carioca' é produto nacional
O preço do feijão virou assunto de destaque nos últimos dias e levou o governo federal a anunciar que vai importar mais produto de parceiros do Mercosul --Paraguai, Argentina e Bolívia--, além de China e México.
O Brasil já importa feijão: em torno de 100 mil toneladas por ano. A maior parte vem da Argentina e, nos últimos anos, também da China, de acordo com Alcido Elenor Wander, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Arroz e Feijão.
O preço do feijão pesou no seu bolso?
Resultado parcial
Total de 7338 votosO problema, segundo Wander, é que a variedade mais consumida no Brasil, o carioca ou carioquinha, não entra nessa cota de "importados". Os outros países não produzem esse tipo de feijão em larga escala.
"O carioca é um feijão tipicamente brasileiro. Criado, cultivado e consumido no Brasil. Não existe mercado para o produto fora do país", diz. "O que vamos importar não é carioca, é preto."
A tendência, então, é ter mais feijão preto no mercado. Com uma quantidade maior disponível, seu preço tende a cair.
Já o carioca só deve ficar mais barato se houver uma queda no consumo, segundo Wander. Ou seja: se as pessoas passarem a comer feijão preto, que está mais barato, haverá menos procura pelo carioca e seu preço pode baixar.
Carioquinha só entre agosto e setembro
Se o feijão carioca só é produzido em larga escala no Brasil, quando a produção nacional deve começar a se normalizar? Segundo o técnico da Embrapa, isso só deve começar a acontecer com a próxima safra, entre o final de agosto e começo de setembro.
O preço da leguminosa teve uma alta no país porque a produção nacional foi afetada pelas chuvas nos últimos anos. Com isso, há dois anos o Brasil tem produzido menos feijão do que consome.
O feijão carioca, por exemplo, ficou 54,1% mais caro de janeiro até meados de junho, segundo a prévia da inflação, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (21). Também ficaram mais caras outras variedades, como o mulatinho (+49,42%), o preto (+21,36%) e o fradinho (+19,49%).
Piadas na web e pressão no Twitter
A decisão do governo de importar mais feijão foi tomada após o preço do produto virar piada nas redes sociais e ser um dos assuntos mais comentados no Twitter, com o bordão #TemerBaixaOPreçoDoFeijão.
Mais cedo, o presidente em exercício, Michel Temer, replicou a expressão em sua conta pessoal no Twitter.
Achei que era um pote de feijão, mas era só um pote de sorvete. #Decepçao pic.twitter.com/
— Lextro (@diantedefatos) 9 de junho de 2016
Lembra do tomate a preço de ouro?
Não é a primeira vez que o preço de um alimento popular entre os brasileiros vai às alturas por causa do clima.
No primeiro semestre de 2013, o preço do tomate subiu 150% devido às fortes chuvas em várias regiões produtoras e virou meme nas redes sociais.
Na época, um levantamento feito pelo UOL mostrou que o tomate estava mais caro que carne, azeite importado e até caixa de cerveja em alguns supermercados de São Paulo, com o quilo chegando a custar R$ 13,64.
No final daquele ano, o preço do tomate deu uma trégua e o produto fechou 2013 com alta acumulada de 14,74%, sem figurar entre os maiores vilões da inflação.
A vez da cebola e da cenoura
No primeiro semestre de 2014, foi a vez de a cebola disparar. O preço do produto mais que dobrou, acumulando alta de 148%. No segundo semestre, o preço melhorou um pouco e a cebola fechou aquele ano com alta acumulada de 23,61%. Já o tomate... ficou 3,07% mais barato.
No ano passado, porém, os dois se uniram e "azedaram" o vinagrete do brasileiro: tomate e cebola subiram 60,61% e 47,45%, respectivamente.
A cenoura também já passou por maus momentos. Nos dois primeiros meses deste ano, o preço da hortaliça subiu 64,2%, afetado pelas fortes chuvas na região Sul do país. No início de junho, caiu 25,63%, mas ainda acumula alta de 34,88% no ano.
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