BC começa hoje reunião sobre juros; será 1ª decisão sob novo comando
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começa nesta terça-feira (19) uma reunião de dois dias para decidir a Selic, a taxa básica de juros do país. Esse será o quinto encontro do Copom neste ano e a primeira decisão sobre o tema com o BC sob o comando de Ilan Goldfajn.
A taxa está em 14,25% ao ano desde julho do ano passado. Nas últimas sete reuniões, o BC decidiu manter a Selic no mesmo nível. É o período mais longo de estabilidade desde que o regime de metas de inflação foi implantado em 1999.
A tendência é que a taxa seja mantida nos 14,25% novamente nesta semana, na opinião da maioria dos analistas de mercado consultados pelo BC para o Boletim Focus e também dos economistas consultados pela agência de notícias Reuters.
Ainda de acordo com pesquisa da Reuters, o BC deve manter a Selic em 14,25% pelo menos até outubro.
Empresas endividadas e desemprego
Os juros altos têm pesado sobre a economia, que deve passar pela maior recessão da história. Empresas grandes e pequenas têm corrido para renegociar suas dívidas, e o desemprego subiu com força, encerrando anos de forte crescimento.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, sinalizou que um dos fatores a serem monitorados para a decisão sobre os juros será a situação das contas públicas. Ao esperar até outubro, o BC terá a chance de avaliar se as medidas propostas pelo presidente interino Michel Temer para controlar os gastos públicos serão bem-recebidas pelo Congresso Nacional, avaliaram economistas do JPMorgan, em relatório.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.
A inflação segue bem acima do limite máximo: chegou a 8,84% em 12 meses, segundo os dados mais recentes do IPCA, referentes a junho.
Porém, os juros também estão altos e o país está em recessão. Se o BC subir ainda mais os juros, corre o risco de fazer a economia encolher ainda mais.
Juros para o consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela.
Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial subiu em maio e atingiu 311,3% ao ano, e os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 471,3% ao ano.
Como sua vida é afetada pelos juros altos?
- Empréstimos e financiamentos ficam caros (prestação de uma geladeira ou um carro);
- Sobe o desemprego porque as empresas investem menos;
- As pessoas cortam gastos. Isso ajudaria a reduzir a inflação;
- A economia enfraquece (o PIB, Produto Interno Bruto, cai);
- A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR;
- Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, como o Tesouro Selic.
(Com Reuters)
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