Ação da PF apura uso indevido de informações privilegiadas pela JBS
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (9), uma nova etapa das investigações que envolvem a JBS. A ação envolvendo a JBS e a FB Participações apura se houve uso indevido de informações privilegiadas por parte das empresas em transações de mercado financeiro, de acordo com comunicado da PF.
A FB Participações é uma empresa de investimentos e acionista majoritária da JBS.
Agentes da PF foram à sede do grupo, em São Paulo, em busca de documentos que podem ser úteis às investigações que foram instauradas para apurar se o grupo teve lucros milionários a partir do uso de informações privilegiadas sobre as delações de seus executivos na Procuradoria-Geral da República.
O novo inquérito foi aberto por requisição do procurador-geral Rodrigo Janot.
Em nota sobre a operação da PF, a J&F afirma "que foram entregues os materiais e documentos solicitados" e que "segue colaborando e está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos necessários".
Sobre a compra e venda de moedas, ações e títulos, a companhia manteve posicionamento divulgado anteriormente, de que "todas as operações de compra e venda de moedas, ações e títulos realizadas pela J&F, suas subsidiárias e seus controladores seguem as leis que regulamentam tais transações".
"Em relação às operações de câmbio, a JBS esclarece que gerencia de forma minuciosa e diária a sua exposição cambial e de commodities. A empresa tem como política a utilização de instrumentos de proteção financeira visando, exclusivamente, minimizar os seus riscos cambiais", afirma na nota.
Após a notícia da operação, as ações da JBS recuavam mais de 4% pela manhã. Por volta das 14h50, os papéis caíam 2,01%, a R$ 7,33.
A PF cumpre três mandados de busca e apreensão nas empresas do grupo e quatro mandados de condução coercitiva, expedidos pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Entenda o caso
Procuradores do Ministério Público Federal e representantes da J&F, que controla a JBS, fecharam no final de maio acordo de leniência que prevê o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões por atos praticados por empresas controladas pela holding. O acordo foi assinado no último dia 5.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do grupo e delatores da Lava Jato, teriam conseguido ganhos extraordinários no mercado de compra e venda de dólares e ações do grupo quando o teor das delações dos executivos estava na iminência de ser conhecido.
A investigação apura dois eventos, segundo a PF.
O primeiro é a venda de ações de emissão da JBS na Bolsa de valores, por sua controladora, no final de abril, no mesmo período do programa de recompra de ações da empresa, reiniciado em fevereiro de 2017.
O segundo é a compra de contratos futuros de dólar na bolsa de futuros e a termo de dólar no mercado de balcão, entre o final de abril e meados de maio de 2017.
"Há indícios de que essas operações ocorreram com o uso de informações privilegiadas, gerando vantagens indevidas no mercado de capitais num contexto em quase todos os investidores tiveram prejuízos financeiros", afirmou a polícia.
O inquérito policial foi instaurado em 19 de maio, após a PF ter conhecimento de comunicado da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), sobre a instauração de cinco processos administrativos para apuração desses casos.
As penas, caso o crime seja comprovado, podem se de 1 a 5 anos de reclusão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita conseguida.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)
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