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Com novos voos e câmbio favorável, viagens ao exterior ficam mais em conta

A Grécia é um dos destinos litorâneos mais lindos da Europa, com praias paradisíacas - Getty Images
A Grécia é um dos destinos litorâneos mais lindos da Europa, com praias paradisíacas Imagem: Getty Images

Téo Takar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/07/2017 04h00

Destinos tradicionais do turismo internacional, como Europa e Estados Unidos, estão se tornando novamente roteiros acessíveis ao brasileiro. A Argentina, que já era uma opção de viagem barata, ficou ainda mais em conta a partir deste ano. E a África do Sul, destino que era considerado exótico e caro, agora pode caber no seu orçamento.

Entenda os motivos que estão por trás dessas mudanças e comece a planejar suas próximas férias fora do país.

Viagem a EUA e Europa ganha “desconto” graças ao câmbio

O câmbio é a principal variável que interfere no custo das viagens internacionais. A moeda brasileira, aos poucos, está se recuperando de um período de forte desvalorização, provocado principalmente pela crise econômica e pela incerteza política que o Brasil atravessou nos últimos três anos.

Mesmo após o salto nas taxas no mês de maio, provocado pela delação dos empresários da JBS contra o presidente Michel Temer, algumas moedas já estão mais baratas do que no ano passado.

O dólar turismo, que chegou a superar os R$ 4 em 2015, agora já está na casa dos R$ 3,30. O mesmo recuo foi observado no euro e em outras moedas. Em outras palavras, ficou mais barato viajar para os Estados Unidos ou para a Europa, simplesmente pelo efeito do câmbio.

“Nós estamos apostando que o brasileiro vai voltar a viajar para os roteiros tradicionais, como Portugal, Espanha, França, a Disney e os cruzeiros no Caribe”, afirma o presidente da Agaxtur Viagens, Aldo Leone Filho. “Os valores hoje, principalmente para a Europa, estão mais competitivos em reais do que há um ano.”

Uma viagem de sete dias para conhecer os principais pontos turísticos de Portugal na Agaxtur custava R$ 3.845 por pessoa em 2016, com hoteis e passeios inclusos, mas sem passagens aéreas. Agora, a mesma viagem está quase 10% mais em conta, saindo por R$ 3.471.

“Brexit” tornou Reino Unido acessível

A libra foi uma das moedas que registraram queda mais expressiva, saindo da casa dos R$ 6 no auge da crise política, em 2015, para cerca de R$ 4,50 agora. Com isso, o Reino Unido deixou de ser uma viagem proibitiva por causa do custo da moeda.

“Não é um destino barato, mas está mais acessível do que há dois anos, quando a libra chegou a R$ 6”, afirma Juvenal dos Santos, superintendente de varejo da Confidence Câmbio, agência especializada em moedas para turismo e intercâmbio.

“Além da recuperação do real, você teve ainda o efeito da desvalorização da libra frente às outras moedas por causa do Brexit (saída do Reino Unido da Comunidade Europeia)”, afirma. Santos diz ter notado um aumento de 19% na demanda dos brasileiros pela libra em comparação com o ano passado, principalmente por causa da retomada das viagens de intercâmbio.

Canadá desponta com câmbio favorável e isenção de visto

A Inglaterra ainda é um dos destinos preferidos para quem quer estudar inglês. Mas outros países vêm despontando como alternativas mais em conta, especialmente o Canadá, afirma Santos. Um dos motivos é a cotação do dólar canadense, de R$ 2,75, taxa bem menor que a da libra. A procura pela moeda na Confidence Câmbio aumentou 22% em relação ao ano passado.

Outra vantagem para os brasileiros é a questão do visto de entrada, que deixou de ser exigido a partir de maio deste ano para quem já possui o visto americano ou já teve o visto canadense nos últimos dez anos. Nesse caso, para visitar o Canadá basta emitir uma autorização eletrônica de viagem (eTA), procedimento mais simples, rápido e barato.

Na Agaxtur, um pacote de sete dias para explorar as principais cidades do leste do Canadá, como Toronto e Quebec, além de conhecer as cataratas do Niágara, sai por R$ 4.008 por pessoa, quase R$ 400 a menos do que há um ano, sem incluir passagens aéreas.

Hotéis europeus baixaram preços após onda terrorista

A onda de ataques terroristas promovidos pelo Estado Islâmico em diversas cidades da Europa teve impacto sobre a rede hoteleira, especialmente na França, que viu a taxa de ocupação de seus quartos cair significativamente. Para compensar isso, há promoções em cidades com hospedagem tradicionalmente muito cara, como Paris.

Mais voos e passagens mais baratas

A passagem aérea pode representar até 70% do custo de um pacote de viagem. Ou seja, não adianta nada o real se valorizar frente ao dólar, se o preço da passagem em dólar subir na mesma proporção.

A boa notícia é que alguns destinos tiveram efetivamente queda nos preços, e não apenas por causa do efeito do câmbio. A explicação, segundo a CVC, operadora de turismo do país, foi o aumento na oferta de voos pelas companhias aéreas que já atuam por aqui, além da chegada de empresas que ainda não operavam no Brasil.

Pesquisa feita pela Submarino Viagens, do grupo CVC, mostra que uma passagem de São Paulo para Johannesburgo, na África do Sul, está em média 30% mais barata do que há um ano. Isso representa uma economia de quase R$ 1.000 por pessoa apenas com a parte aérea.

Montevidéu (Uruguai), Santiago (Chile), Bogotá (Colômbia) e Cidade do Panamá (Panamá) são outros destinos que tiveram redução expressiva nos preços das passagens nos últimos 12 meses.

Argentina cortou imposto para turista estrangeiro

No início deste ano, o governo argentino anunciou a isenção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) nas diárias de hotéis para turistas estrangeiros. A isenção do imposto, cuja alíquota é de 21%, vale para os pacotes das agências de turismo ou para quem pagar a conta do hotel com cartão internacional.

A queda nos preços das passagens e no valor das diárias dos hotéis permitiu que a CVC reduzisse o valor dos pacotes para Buenos Aires em torno de 18%. O pacote com saída a partir de São Paulo, que há um ano custava R$ 996 em média, agora sai por R$ 816 por pessoa, com parte aérea e hospedagem para 4 dias.

Outra vantagem de viajar para a Argentina é que o país não exige passaporte para entrada dos brasileiros. Basta apresentar o RG. O mesmo vale para outros países vizinhos do Brasil, como Chile, Uruguai, Colômbia e Peru.

Quem está com o passaporte vencido ou precisa tirá-lo pela primeira vez pode não conseguir viajar nos próximos meses para destinos que exigem sua apresentação, devido à suspensão da emissão do documento pela Polícia Federal.