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Prejuízos, crise com Abilio e foco da Carne Fraca: BRF passa por fase ruim

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

05/03/2018 13h31

Principal alvo da terceira fase da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, a BRF vem enfrentando uma fase difícil nos negócios, com trocas no comando, prejuízo atrás de prejuízo e acionistas querendo tirar Abilio Diniz da presidência do Conselho de Administração.

A BRF é dona de marcas como Sadia e Perdigão. Além de carnes, também vende outros produtos, como margarina, sobremesas, sanduíches, maionese e ração animal. A empresa é a maior processadora de alimentos do Brasil e exporta para mais de 150 países.

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Nesta segunda-feira (5), dia em que foi deflagrada a operação da PF, ocorreu uma reunião do conselho de administração da empresa, na qual, segundo informou a Folha, foi agendada a data da assembleia de acionistas que vai avaliar a troca do conselho. A assembleia foi marcada para o dia 26 de abril.

A BRF disse nesta segunda-feira que "está se inteirando dos detalhes" da nova fase da Operação Carne Fraca e que colabora com as investigações para esclarecer os fatos. Em comunicado, a empresa ressaltou que segue as normas e regulamentos relativos à produção e comercialização de seus produtos no Brasil e no exterior.

Prejuízo cresceu

A companhia acaba de registrar o maior prejuízo anual de sua história, o segundo consecutivo, e as ações caíram para o menor nível desde 2012.

No mês passado, a BRF informou que teve prejuízo líquido de R$ 784 milhões no quarto trimestre de 2017, uma piora em relação ao resultado negativo de R$ 442 milhões registrado um ano antes. A dívida líquida da BRF subiu de R$ 11,14 bilhões, ao final de 2016, para R$ 13,3 bilhões, em 2017. 

Após a divulgação do balanço do quarto trimestre, Abilio Diniz afirmou que a empresa precisa recuperar sua credibilidade junto a analistas do mercado. "Nós também fomos surpreendidos pelos números", afirmou.

A empresa acumulou perda de R$ 1,1 bilhão no ano, a maior parte atribuída por ele aos efeitos da operação Carne Fraca. A primeira fase da operação foi deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017.

Crise no comando

Com as contas ruins, investidores liderados pelos fundos de previdência Previ e Petros solicitaram uma reunião de acionistas para substituir Abilio e todo o conselho. 

Os principais acionistas já estão analisando possíveis substitutos. Abilio possui menos de 4% da BRF e perdeu apoio entre os maiores investidores, incluindo a Aberdeen Asset Management.

No domingo (4), a empresa informou que recebeu dos acionistas Petros e Previ proposta com chapa para o conselho de administração da companhia. "A BRF manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados sobre qualquer nova informação relacionada ao presente comunicado ao mercado", disse a companhia no comunicado assinado pelo seu diretor vice-presidente de Finanças e Relações com Investidor, Lorival Nogueira Luz Jr.

A BRF teve quatro diferentes presidentes desde 2013, e toda a sua diretoria foi substituída pelo menos duas vezes. Muitos dos executivos contratados tinham menos conhecimento do negócio comparados aos que deixaram a companhia.

Corte de empregos, recessão e Carne Fraca

Os gestores originalmente nomeados por Abilio cortaram milhares de empregos e reduziram a força de vendas da BRF de forma significativa, prejudicando a capacidade da empresa de chegar aos consumidores, segundo um relatório do HSBC.

A BRF reduziu a compra de frango e suínos de produtores integrados, que são baseados em compromissos de longo prazo, o que a tornou mais vulnerável à variação das matérias-primas. 

Fatores externos, fora do controle de Abilio, também tiveram o seu papel na crise da BRF, como a pior recessão em um século no Brasil, uma forte alta nos preços do milho após a seca reduzir a produção nacional em 2016, e o escândalo da Carne Fraca.

Além disso, a JBS, o frigorífico controlado por Joesley e Wesley Batista, se tornou um rival de peso para a companhia após comprar a Seara, em 2013.

Como resultado, a participação da BRF no mercado doméstico de pratos prontos --a principal aposta de Abilio-- caiu em 2016, com as margens de lucro no segmento caindo também.

(Com agências)

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