Nova fase da Carne Fraca pode afetar exportação para China, Rússia e Europa
A fraude no controle de qualidade de frigoríficos da BRF, detectada na terceira fase da Operação Carne Fraca, não oferece risco à saúde pública, mas "põe em risco" a exportação de carnes do Brasil, segundo o Ministério da Agricultura.
Podem ser afetadas as exportações para 12 destinos, incluindo mercados de peso como União Europeia, China, Rússia e África do Sul, mas ainda não é possível detalhar o impacto econômico, segundo Alexandre Campos da Silva, coordenador-geral de inspeção de produtos de origem animal do ministério.
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A Operação Trapaça, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (5), investiga um suposto esquema entre a BRF e laboratórios responsáveis por analisar seus produtos. Segundo a PF, alguns exames foram trocados para omitir a presença da bactéria salmonella.
A BRF é uma das maiores produtoras de carnes do mundo e dona de marcas como Sadia e Perdigão. Segundo dados divulgados pela própria companhia, ela tem 35 frigoríficos no Brasil e exporta para mais de 150 países em cinco continentes.
A empresa disse nesta segunda-feira que "está se inteirando dos detalhes" da nova fase da operação e que colabora com as investigações para esclarecer os fatos. Em comunicado, a empresa ressaltou que segue as normas e regulamentos relativos à produção e comercialização de seus produtos no Brasil e no exterior.
BRF: 3 frigoríficos suspensos e ex-presidente preso
Três frigoríficos da BRF tiveram o direito de exportação suspenso temporariamente, até uma apuração mais profunda dos fatos, segundo o ministério.
De acordo com o órgão, outras medidas, como o fechamento das unidades, podem ocorrer se forem descobertas mais irregularidades, já que a operação continua em andamento. Segundo a PF, agentes cumprem 91 ordens judiciais nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo, sendo 11 mandados de prisão temporária, 27 mandados de condução coercitiva e 53 mandados de busca e apreensão.
O ex-presidente do grupo BRF Pedro de Andrade Faria foi preso na manhã desta segunda-feira. "Os executivos da empresa, do presidente ao gerente de controle de qualidade, tinham conhecimento dos fatos que aconteciam", disse o delegado da PF encarregado das investigações, Maurício Moscardi Grillo.
De acordo com ele, as provas e e-mails coletados indicam que as fraudes foram cometidas entre 2012 e 2015, mas fiscais de uma unidade da BRF confirmaram a possível continuidade do esquema até 2017.
Regras mais rígidas em alguns países
Um grupo de 12 destinos para onde o Brasil exporta carne tem normas mais rigorosas que as brasileiras em relação à presença de salmonella, segundo o Ministério da Agricultura. No ano passado, o órgão recebeu 410 notificações de uma presença maior do micro-organismo do que o permitido --a maior parte veio da União Europeia.
"Quando o Brasil não consegue verificar este patógeno e ele é detectado pelo país de destino, isso fragiliza o sistema de fiscalização brasileiro", disse Silva.
Após a primeira fase da Operação Carne Fraca, o ministério respondeu a mais de 70 solicitações de informação de diferentes países. "Nesse caso, o Brasil já está de forma proativa respondendo e encaminhando o que está acontecendo aqui aos países."
Operação Carne Fraca
A primeira fase da operação Carne Fraca foi deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017. A operação revelou um esquema de pagamento de propina a fiscais agropecuários para liberar carnes adulteradas sem fiscalização.
Segundo a PF, as empresas teriam usado substâncias para 'mascarar' a aparência de carnes, cometido irregularidades na rotulagem e na refrigeração das peças e usado em frangos mais água do que o permitido.
No final de maio de 2017, a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da operação, tendo como alvo principal um ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Estado de Goiás. As investigações apontaram que o suspeito foi flagrado em interceptações telefônicas destruindo provas importantes para a investigação.
(Com agências de notícias)
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