Gasolina está tão cara que posto parcela combustíveis em 6 vezes no cartão
No Rio, etanol com desconto. Em Brasília, combustível parcelado em até seis vezes sem juros no cartão de crédito. Os postos têm apelado para promoções para não perder a clientela com a gasolina perto dos R$ 5.
Nesta terça-feira (15), a Petrobras anunciou uma nova alta nos preços da gasolina para as distribuidoras. Desde 3 de julho, quando a estatal adotou sua nova política de preços, a gasolina vendida nas refinarias já subiu 50,04% e o diesel, 52,15%. O salto ficou bem acima da inflação do período, que foi de 2,68%.
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Em um posto BR na avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, a gasolina aumentou R$ 0,20 por litro nesta semana: passou de R$ 4,769 para R$ 4,969. O preço fez muita gente desistir de encher o tanque.
Muito carro para e acaba indo embora. Parece que o motorista está pesquisando mais antes de abastecer. Alguns aqui param e reclamam muito.
Sirlei Moraes, 43, funcionário de posto
Na mesma avenida, um posto Ipiranga também vendia gasolina por R$ 4,969. Para não desagradar tanto os clientes, fez uma promoção de etanol, que baixou de R$ 3,699 para R$ 3,399.
"A gente tenta convencer o motorista de carro flex a abastecer com álcool. Alguns ficam aqui pesquisando na internet e fazendo conta para saber se vale a pena", disse um dos funcionários.
Parcelado em 6x no cartão
Em um posto Shell em Brasília, a saída encontrada foi facilitar o pagamento. Desde 2006, o posto parcelava o pagamento em três vezes no cartão de crédito. Agora, aumentou para até seis vezes.
Com a alta no preço do combustível, vimos que era necessário aumentar o número de parcelas. Hoje, 60% dos nossos clientes optam pelo parcelamento.
Arlon da Silva, 30, gerente do posto
O posto mantém o mesmo valor para os pagamentos à vista e no cartão de crédito. Desde segunda (14), o preço da gasolina comum passou de R$ R$ 4,159 para R$ 4,469.
'R$ 100 de gasolina não representam nada'
O estudante Gabriel Mendes, 22, diz que as pessoas ficam reféns da alta dos combustíveis. "Em Brasília, não temos como andar a pé. Eu uso o carro para tudo e tenho de arcar com o custo."
Para o engenheiro Marcello Gusmão, 37, do Rio, está inviável manter o carro rodando. Ele diz que passou a usar o veículo apenas três vezes por semana.
A cada dia que passa, R$ 100 de gasolina não representam nada. Um absurdo. Não consigo mais encher nem meio tanque. Carro está ficando impraticável.
Marcello Gusmão, 37, engenheiro
Também no Rio, o motoboy Cristiano Salles de Oliveira, 40, diz que o aumento da gasolina gera briga com o patrão e aperto para a família.
Eu gasto R$ 300 de combustível, um pouco mais de 20% de um dos meus salários. E a gasolina não para de subir. Toda vez que aumenta dá até briga com o meu patrão, que não me reembolsa esse custo. Vou ter que cortar alguma conta de casa.
Cristiano Salles de Oliveira, 40, motoboy
Na zona sul do Rio, um posto da rua das Laranjeiras diz que ainda não repassou o último aumento --e a gasolina comum é vendida a R$ 4,999. Em poucos dias, esse preço deve subir.
Política de preços da Petrobras
Desde 3 de julho, a Petrobras adota uma política que prevê reajustes nos preços dos combustíveis com mais frequência, inclusive diariamente, nos preços dos combustíveis vendidos nas refinarias. As mudanças de preços acontecem nas refinarias, e podem ou não ser repassadas pelos postos para o consumidor.
Segundo a estatal, a ideia da nova política é repassar as variações do dólar e do petróleo no mercado internacional e, com isso, competir "de maneira mais ágil e eficiente".
A política de preços da Petrobras foi alvo de críticas no passado, principalmente no governo da presidente Dilma Rousseff. Quando a cotação do petróleo no mercado internacional caiu a níveis históricos, a Petrobras decidiu não repassar essa queda para o preço dos combustíveis. Ao importar combustível mais barato e vendê-lo pelo mesmo preço de antes, os ganhos da Petrobras com a revenda aumentaram.
Na época, críticos afirmaram que, ao manter os preços artificialmente, o governo estava usando a política de preços para recuperar parte do que perdeu quando o petróleo estava caro lá fora --e o preço não subiu aqui-- e para tentar aliviar as contas da Petrobras, em meio a um endividamento muito grande da companhia.
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