Não importa se há patrão atrás da greve; problema é a Petrobras, diz Dieese
Não importa discutir se a greve dos caminhoneiros é um locaute (tem apoio dos patrões) ou não. A questão é o governo resolver a política de preços da Petrobras. A avaliação é do diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio.
Na quinta-feira (24), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou haver indícios de que a greve dos caminhoneiros seja um locaute e que poderia haver uma investigação pela Polícia Federal.
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Nesta sexta-feira (25), caminhoneiros mantiveram protestos contra a alta do diesel em todo o Brasil mesmo após um anúncio, na noite anterior, de um acordo entre a categoria e o governo.
Diante da resistência dos protestos, Ganz Lúcio disse ao UOL que a mobilização, em última análise, é fruto do papel da Petrobras na economia e de sua política de fixação de preços.
Protestos são consequência real da política da Petrobras
“Estamos vendo, na economia, a consequência real da política de uma empresa que trabalha como se fosse privada. As reações dessa política podem ser extremamente indesejáveis para a sociedade”, afirmou.
Na avaliação do diretor, não há dúvidas de que tanto empresas quanto trabalhadores autônomos participam da paralisação. No entanto, ele disse que não há elementos suficientes para afirmar que ocorre um locaute.
“Não há dúvidas de que o movimento é legítimo, e os trabalhadores autônomos, os caminhoneiros, também estão à frente desse processo”, disse.
Solução legalista não trará conforto para a sociedade
Para Ganz Lúcio, ao afirmar que o movimento poderia ser patronal e, portanto, ilegal, Jungmann fez o papel do governo de “colocar a responsabilidade sobre alguém”.
“O fato é que, neste momento, o governo precisa tomar uma decisão que não é apenas técnica, mas política. A prioridade deve ser resolver o problema”, afirmou o diretor do Dieese.
"Acho que o problema está se mostrando tão grande que uma solução legalista não necessariamente trará conforto para a sociedade", disse.
Questionado sobre o assunto na manhã desta sexta-feira (25), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, minimizou e disse que não poderia afirmar se a greve é patronal.
“O certo é que temos caminhões parados que são das empresas transportadoras e dos transportadores autônimos. Não há caminhão rodando. Então, há caminhão parado tanto de um lado quanto de outro”, disse, mais cedo, no Palácio do Planalto.
Acordo pode permitir prazo para solução duradoura
Na opinião do diretor do Dieese, o acordo fechado nesta quinta-feira (24) entre o governo e os caminhoneiros oferece um prazo de 15 dias para que se encontre uma "solução estrutural" para o problema.
“O governo vai ter de definir uma nova política para a fixação do preço do combustível, e isso não necessariamente vai ser fácil”, disse.
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