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Não é só gasolina: roupas podem ficar mais caras, e a culpa é do petróleo

Folhapress
Imagem: Folhapress

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/07/2018 04h00Atualizada em 11/07/2018 11h41

O aumento na cotação do petróleo, que saiu de US$ 35 o barril para cerca de US$ 80 nos últimos meses, não deverá ser sentido apenas nos preços da gasolina. Utilizado como matéria-prima na indústria da moda, o petróleo, aliado a um dólar mais caro, deve influenciar também o preço das roupas para o consumidor.

Isso porque o petróleo está presente em componentes químicos, como o elastano, que compõe tecidos sintéticos como poliéster e variações da viscose, como viscolycra e bengaline, por exemplo. Esse componente ajuda as roupas que necessitam de elasticidade, como as peças utilizadas nas academias, moda praia e na maior parte das roupas femininas.

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Tais tecidos, por sua vez, são produzidos principalmente na China e importados por revendedores no Brasil.

As importações de roupas com tecidos de fibras químicas são afetadas diretamente, segundo Amnon Armoni, coordenador da pós-graduação em moda da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo.

35% do preço da roupa

A matéria-prima chega a compor cerca de 35% do custo total da roupa, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). Petróleo caro, portanto, pode representar roupa mais custosa também.

“As indústrias terão de fazer algum tipo de reposicionamento de preço a partir de um fortíssimo aumento de custo derivado do petróleo, que no efeito cascata, chega até o consumidor final”, disse Fernando Pimentel, presidente da Abit.

No Brás (zona leste de São Paulo), um dos principais polos de revenda da indústria têxtil no país, alguns produtores e importadores de tecidos já avisaram os clientes que o reajuste para tecidos sintéticos deverá chegar a 25% em breve. Já houve aumento recente de cerca de 10% nesses tecidos.

“Estamos anunciando a alta, pois não podemos mais segurar os preços”, disse um dos lojistas do local que preferiu não se identificar. Ele, porém, se mostrou receoso quanto à capacidade de repasse se os preços ao produtor continuarem a subir.

Consumidor pode reagir mal

O problema é que, em um cenário de crise econômica como a que o país vive, repassar os custos integralmente pode fazer com que o consumidor desapareça das lojas.

“É preciso ver os movimentos que se darão a partir dos estoques e a capacidade de repassar preços em uma economia que não está forte, que não está crescendo”, afirmou Pimentel, da Abit.

É o caso da LV Store, marca de roupa femininas que utiliza tecidos sintéticos, como suplex e bengaline, para a produção de peças. Para eles, o repasse está vetado já que o poder de compra do consumidor pode permanecer abalado ainda por um tempo indefinido.

“Sabemos que a crise não foi totalmente superada. Dessa forma, decidimos amortecer o aumento de custos em nossas margens para que os clientes possam continuar comprando”, afirmou Letícia Vaz, fundadora da marca.

Assim, a empresa disse preferir manter os preços administrados para aumentar as vendas em vez de repassar a alta nos custos e acabar perdendo clientes.

“Se mantivermos os preços, esperamos continuar crescendo no volume de vendas para, então, poder aumentar nossa receita sem forçar nossos clientes”, disse Letícia.

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