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Em crise, site que vende móveis não entrega e clientes reclamam; como agir?

Do UOL, em São Paulo

23/07/2018 17h24Atualizada em 24/07/2018 14h52

Atraso na entrega e compras que não chegam. Essas são as principais queixas no site Reclame Aqui contra as Lojas KD, que vendem móveis pela internet. A sede da companhia fica em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, mas a loja virtual faz entregas também em outras regiões do país.

Com dívidas que ultrapassam R$ 36 milhões, a empresa pediu recuperação judicial em maio, e o pedido foi acatado pela Justiça do Paraná. 

A loja virtual continua funcionando, mas é alto o número de queixas de consumidores. Foram registradas 1.939 reclamações de clientes de janeiro até o último sábado (21), segundo o Procon-SP. O site Reclame Aqui contabiliza 24.194 queixas em seis meses. No Facebook, o perfil "Enganados pela Lojas Kd Móveis" tinha 1.549 seguidores até esta segunda-feira (23).

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A recuperação judicial, antiga concordata, é uma opção para empresas que estão em crise financeira, mas acreditam ter chances de sobreviver. É um recurso que depende da aprovação da Justiça. O plano de recuperação também deve ser aprovado pela maioria simples (50% + 1) dos credores da companhia. Se não der certo, a empresa entra em processo de falência.

Segundo o Procon-SP, o processo de recuperação judicial determina a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, "mas não anula os direitos dos credores e, especialmente, dos consumidores que deverão ser informados sobre os créditos devidos pelo administrador judicial".

Comprou e não recebeu?

Quem fez alguma compra até 8 de maio deve:

  • receber o produto comprado; ou
  • receber o estorno do pagamento pelo cartão de crédito.

Se isso não aconteceu, é preciso checar se seu nome consta da lista de credores, ou seja, a lista de pessoas que têm algo a receber das Lojas KD. A empresa informou à Justiça que são R$ 36,648 milhões devidos a 30.358 pessoas.

A lista de credores está disponível no site http://recuperacaojudiciallojaskd.com.br. Além de verificar se o nome está na lista, é preciso checar se o valor devido está correto. 

Se não recebeu o produto nem o pagamento de volta, e o nome também não aparece na lista, é preciso enviar um e-mail para rjlojaskd@gmail.com até quarta-feira (25), segundo o administrador judicial Lincoln Taylor Ferreira. O e-mail deve conter todos os documentos que comprovem a compra e documentos pessoais.

Quem achou seu nome na lista e constatou que o valor informado está correto não precisa mandar e-mail nem ligar. É preciso esperar.

Ainda não há prazo para pagamento

Em caso de dúvida, é possível entrar em contato com o administrador judicial Lincoln Taylor Ferreira pelo telefone (41) 3276-8937. Segundo Ferreira, não há previsão de pagamento aos consumidores prejudicados, pois a empresa ainda não apresentou o plano de pagamentos. O prazo para apresentação desse plano acaba em 2 de agosto. 

Compras com cartão

De acordo com o Procon-SP, quem fez compras nas Lojas KD com cartão de crédito e não recebeu os produtos dentro do prazo determinado deve entrar em contato com o SAC da administradora do cartão para pedir o cancelamento da compra. Caso o pedido não seja acatado, o órgão orienta recorrer ao Procon de sua região (veja a lista aqui).

O que diz a empresa

Segundo informou em seu pedido de recuperação judicial, as Lojas KD atuam na venda de móveis residenciais desde 1997, e começaram a enfrentar problemas financeiros em 2015. Entre os motivos da crise, a empresa aponta o aumento de impostos e "falhas logísticas". 

"No segundo trimestre do ano de 2015, o Governo do Estado do Paraná eleva a alíquota do ICMS de 12%, para 18%, impactando diretamente na competitividade da empresa no Sudeste, que ainda representava cerca de 60% das suas vendas", informou. 

Procurada pelo UOL, a empresa enviou uma nota em que pede desculpas aos clientes. "Somos uma empresa com mais de 20 anos no mercado, já atendemos mais de 500 mil famílias e buscamos proporcionar aos nossos clientes os melhores produtos. Pedimos desculpa aos consumidores impactados nesses últimos meses, nos dedicamos muito para que pudéssemos diminuir o impacto e tivemos êxito em grande parte, porém não com todos. Então, a decisão de utilizar o recurso da recuperação judicial veio para que possamos garantir a restituição para os demais clientes. Sabemos que não é a alternativa mais amigável, mas é a mais segura."

De acordo com Thiago Gomes, um dos sócios das Lojas KD, os clientes que realizaram pedidos após o dia 8 de maio "estão sendo atendidos normalmente, porém alguns sofreram impacto em todo o processo logístico, devido a instabilidade nacional que perdurou por mais de 11 dias no mês de maio". Em maio, protestos de caminhoneiros bloquearam estradas no país.

"Todos os pedidos realizados ou com entrega nesse período foram notificados sobre a situação através da área do cliente, que hoje é o canal de atendimento oficial da empresa. A área do cliente é atualizada constantemente sobre o pedido, e através da interação do cliente com as nossas notificações é que o pedido será atendido. Por isto, é extremamente importante interagir por este canal." 

"Ainda existem muitos questionamentos de consumidores impactados sobre por que continuamos vendendo, se não conseguimos atendê-los. Porém, a melhor maneira de garantir a restituição a todos os credores é com a continuidade da empresa", afirma. "Mais uma vez pedimos desculpas aos consumidores, e asseguramos que todos terão suas questões solucionadas."