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Intervenção do Estado é "fábrica de pobres", diz novo chefe da Petrobras

Allan Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Allan Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

03/01/2019 18h19Atualizada em 03/01/2019 19h13

O novo presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco, defendeu nesta quinta-feira (3) uma maior competição no setor de combustíveis. Em seu discurso de posse, ele também criticou o monopólio da estatal no setor e a intervenção do governo no mercado.

Segundo ele, o monopólio em um determinado setor acaba convidando o Estado a intervir na economia. "Quanto maior a intromissão do Estado, mais restrita é a liberdade, menor é o crescimento econômico e maiores são as oportunidades para distribuição de favores. É a construção de uma fábrica de pobres."

O chefe da estatal afirmou que o domínio da Petrobras na cadeia produtiva de combustíveis é ruim para a companhia e para a economia como um todo por ser "excessivamente confortável". "Como amantes da competição, gostaríamos de ter outros 'players' [agentes] na área de refino, competindo com a Petrobras", afirmou.

Castello Branco disse que os preços dos combustíveis devem seguir a paridade interna com um "sonoro não" a interesses de monopólio. "Os monopólios restringem a liberdade de escolha e impõem ao cidadão tributação predatória e sem aprovação do Congresso", declarou.

Petrobras foi 'saqueada', diz novo presidente

O novo presidente da Petrobras lembrou, em seu discurso, sua passagem como conselheiro da empresa entre 2015 e 2016. Ele afirmou que, naquela época, a estatal passava por duas crises: moral e financeira.

Castello Branco fez críticas aos governos petistas e disse que a companhia foi "saqueada por uma organização criminosa, composta por políticos corruptos, capitalistas inimigos do capitalismo e um pequeno grupo de funcionários".

"Os acionistas perderam, perdeu o corpo funcional da Petrobras, composto por gente honesta e trabalhadora, e perdeu o Brasil', declarou.

No entanto, o novo presidente afirmou houve melhoras na estatal desde o ápice da crise e da operação Lava Jato. "A Petrobras de hoje é muito melhor do que a de 2015. Ela foi salva do rebaixamento para a segunda divisão, mas ainda há muito o que fazer para ser uma campeã."

Governo não vai interferir, diz ministro

Presente à cerimônia de posse, o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o novo governo não vai interferir na política de preços dos combustíveis. "Não haverá interferência do governo nessa área. Não é saudável para o governo nem para as pessoas", declarou.

O ministro disse, ainda, que as cotações do produto precisam ser "razoáveis" para os consumidores e que é preciso "perfeita sintonia" entre remuneração de empresas de combustíveis e preços dos produtos para a sociedade. "Medidas estão sendo estudadas para incentivar a entrada de novos concorrentes no setor de combustíveis."

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