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Startup quer abrir loja em São Paulo para dar amostras grátis

No mundo dos cosméticos, as amostras grátis são o quarto maior influenciador para a compra - iStockphoto
No mundo dos cosméticos, as amostras grátis são o quarto maior influenciador para a compra Imagem: iStockphoto

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/02/2019 04h00

Brasileiro adora uma amostra grátis. É o que chamam, no jargão publicitário, de "sampling": a distribuição de produtos, geralmente lançamentos, para que o público consuma --e decida se vai comprá-los futuramente ou não.

"O consumidor quer experimentar o produto antes de comprar. Ele precisa ser convencido de que vale a pena", afirmou Ernesto Villela, fundador da Samplify, startup que executa ações de entregas de brindes desde 2017.

A empresa entregou quase 15 milhões de produtos em dois anos de vida e faturou R$ 6 milhões em 2018. Trabalha para clientes como Unilever, Coca-Cola, Nestlé e Bauducco e agora se prepara para um desafio: ter uma loja física. O objetivo é abrir o espaço ainda no primeiro semestre, em um shopping da capital paulista.

"O consumidor vai reservar o brinde em casa, por meio de um aplicativo. Depois vai até a loja, exibe o código de barras e retira uma unidade do produto. Vai ser como uma atração nova no shopping", afirmou Villela. A ideia é trabalhar com um anunciante e um produto diferente a cada promoção.

30% da verba anual em brindes

A Samplify distribui amostras de produtos variados, como perfumes, chocolates e chás. Em vez de usar pontos de venda tradicionais, como supermercados, entrega as amostras a clientes em grandes redes varejistas, lojas de construção, faculdades, academias e salões de beleza.

"Já temos quase 10 mil lojas cadastradas, de vários tipos, em cerca de 200 cidades do país", disse Villela, da Samplify. O varejista interessado faz um cadastro, recebe as amostras e faz a entrega do produto. "Além de oferecer um brinde e agradar seu cliente, o dono do estabelecimento recebe R$ 0,30 por amostra distribuída. Todo mundo ganha."

Como exemplo, ele cita o case da Kimberly-Clark ao ampliar a divulgação de Scott Duramax, um tipo de pano multiuso. Segundo Villela, a empresa investiu 30% da verba de apresentação em brindes --a média, fora do Brasil, é de 1,5% ao ano. Distribuiu 1,5 milhão de unidades, durante 30 dias, em estabelecimentos na capital e interior paulista. As vendas, segundo ele, cresceram 70% no ano após a ação.

Houve também um exemplo oposto. Uma empresa resolveu testar um sabor de suco e distribuiu 700 mil sachês com o produto. "Foi uma ação realizada em salões de beleza mais populares. O suco era servido para os clientes. Os feedbacks foram negativos, e a marca decidiu tirar de linha", disse Villela.

Brindes físicos que viram posts

No mundo dos cosméticos, por exemplo, as amostras são o quarto maior influenciador para a compra, atrás apenas de experiências anteriores, recomendações e preço, apontou uma pesquisa da consultoria britânica Euromonitor.

A estratégia de "sampling" é bastante eficiente entre os mais jovens, segundo uma pesquisa recente da americana Dotcom Distribution, de comércio eletrônico: 75% dos entrevistados entre 18 e 21 anos disseram que comprariam algo de novo da mesma empresa se ganhassem um brinde.

"Ele [o sampling] seguiu a dinâmica das mídias de massa e quebrou a barreira do online e offline", declarou Bernardo Bastos, diretor de Serviços ao Cliente da iProspect. "Muitas ações de sampling físico já adotaram características 'instagramáveis' [com embalagens pensadas para serem mostradas nas redes sociais], com o objetivo de uma maior repercussão online. Também é comum ações que começam no físico e se expandem no digital."