Jovem tem menos chance de ser contratado e mais de ser demitido, diz Ipea
O mercado de trabalho é mais severo com as pessoas de 18 a 24 anos. De acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os jovens enfrentam mais dificuldades para conseguir trabalho e, quando empregados, são mais vulneráveis a demissão.
A probabilidade de o jovem, estando desempregado, conseguir emprego é menor do que a dos outros trabalhadores. E, uma vez empregado, a probabilidade de ele ser demitido é muito maior do que a dos outros trabalhadores. É uma conjuntura muito ruim para os jovens
Maria Andreia Parente Lameiras, diretora de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea
De acordo com a Carta de Conjuntura publicada pelo instituto ontem, o crescimento da população ocupada perdeu ritmo ao longo de 2018 e na passagem para este ano. O estudo é feito com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No trimestre formado pelos meses de novembro, dezembro e janeiro, a taxa de crescimento da ocupação (trabalho formal ou informal) foi de 0,9%. Entre as pessoas de 18 a 24 anos, não houve crescimento, e sim queda de 1,3%.
Menos experiência profissional
Segundo Lameiras, os jovens são mais penalizados porque têm menos experiência profissional e podem demandar mais treinamento para ingressar no trabalho.
"Quando a economia está em crise, e uma empresa vai dispensar trabalhadores, [o empresário] acaba por afastar aquele cuja saída ele julga que vai impactar menos na produtividade". Além disso, "sempre pesa o fato de que os mais jovens não são chefes de família", disse a diretora.
Lameiras afirmou que, mesmo no mercado informal e no trabalho por conta própria, os mais jovens desempregados têm mais dificuldades de ingresso. Assim, agrava-se a possibilidade de que desistam de procurar trabalho, mantenham-se como dependentes e ingressem no contingente de "desalentados". Em janeiro, a taxa de pessoas desalentadas (todas as idades) teve alta de 6,7% na comparação com o ano anterior.
Casas sem trabalhadores empregados
Nota do Ipea acrescenta que a lenta recuperação do mercado de trabalho, com regressão da ocupação entre os mais jovens, "vem gerando aumento no número de domicílios que declararam não possuir renda de trabalho".
De acordo com o Ipea, a Pnad do IBGE registrou cerca de 16 milhões de casas sem renda proveniente do trabalho no último trimestre de 2018, "o que equivale a 22,2% das quase 72 milhões de residências no país". No mesmo período de 2017, a proporção era de 21,5%. Antes da recessão [final de 2013], o percentual era de 18,6%.
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