Bolsonaro vai definir "diretriz" de propagandas de estatais, diz porta-voz
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reúne-se hoje com o ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, para discutir questões relacionadas a propagandas de estatais. Segundo o porta-voz do Planalto, general Otávio do Rêgo Barros, o Executivo definirá uma "diretriz" que deverá ser seguida "na ponta da linha" por todos os órgãos do governo federal.
A polêmica ocorreu depois de um veto do presidente a um comercial do Banco do Brasil estrelado por atores negros e brancos, numa representação da diversidade racial e sexual do país. A peça desagradou Bolsonaro e foi retirada do ar por ordem dele, em 14 de abril. Além disso, um diretor do banco foi demitido.
Segundo Rêgo Barros, ainda não é possível dizer que "a página está virada", pois é o motivo do encontro de hoje entre Bolsonaro e Santos Cruz. Reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo", publicada no último sábado (28), relata que o caso da propaganda do BB colocou o ministro em choque com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência).
Isso porque, no dia anterior, a pasta chefiada por Santos Cruz havia desautorizado ordem da Secom para que todo o material de propaganda da administração pública, incluindo o das estatais, passasse por análise prévia da Secretaria de Comunicação. Nota emitida pelo general dizia que a determinação estava em desacordo com a Lei das Estatais, "pois não cabe à administração direta intervir no conteúdo da publicidade estritamente mercadológica das empresas estatais".
O caso, segundo a reportagem, expõe o confronto entre o novo chefe da Secom, Fábio Wajngarten, e Santos Cruz. O empresário, que assumiu a secretaria há duas semanas, é próximo do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, e sua nomeação foi comemorada nas redes sociais pelo escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.
Não é interferência
Rêgo Barros não detalhou qual seria a diretriz que definirá "os pressupostos para contratação" de propagandas das estatais. Questionado se isso não caracterizaria uma interferência, o porta-voz negou e disse que, "ao contrário, quando você estabelece políticas e estratégias é porque confia na ponta da linha".
Em entrevistas recentes, Bolsonaro defendeu o veto à propaganda e justificou argumentando que o governo segue claramente uma linha conservadora. Para ele, "a regra do jogo" é simples: ou seus ministros pensam como ele ou, em caso de discordância, devem ficar em silêncio.
"Por exemplo, meus ministros. Eu tinha uma linha, armamento. Eu não sou armamentista? Então ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio. É a regra do jogo".
"Quem indica e nomeia presidente do Banco do Brasil, sou eu? Não preciso falar mais nada então. A linha mudou, a massa quer respeito à família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma e nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira. Não é a minha linha. Vocês sabem que não é minha linha".
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