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Cada passageiro gera quase 1,5 kg de lixo por voo; aéreas tentam mudar isso

A Hi Fly trocou os itens de plástico por produtos feitos com material reciclado e bambu - Divulgação
A Hi Fly trocou os itens de plástico por produtos feitos com material reciclado e bambu Imagem: Divulgação

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/08/2019 04h00

Durante um voo, cada passageiro produz, em média, 1,43 kg de lixo, incluindo desde materiais usados no serviço de bordo até papel higiênico nos banheiros. Em 2017, foram geradas 5,7 milhões de toneladas de lixo em voos, segundo a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).

Com o setor aéreo crescendo, esse volume de resíduos pode dobrar nos próximos dez anos se nada for feito --e é aí que entra um desafio para as companhias aéreas.

Diversas empresas vêm adotando iniciativas para reduzir ou eliminar o uso de materiais descartáveis de plástico (um dos principais poluentes nos oceanos) e aumentar a reciclagem de resíduos.

Primeira ação: entre Portugal e Brasil

A primeira grande ação aconteceu no final de 2018. A companhia aérea portuguesa Hi Fly, de voos fretados, fez a primeira viagem livre de plásticos descartáveis. O voo decolou em 26 de dezembro de Lisboa, em Portugal, para Natal (RN), no Brasil. Copos e embalagens foram substituídos por materiais de papel reciclado, e talheres foram produzidos com bambu.

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A Hi Fly fez o primeiro voo comercial livre de produtos descartáveis feitos de plástico, entre Lisboa e Natal
Imagem: Divulgação

Durante as férias de final de ano, foram quatro voos totalmente livres de plástico e 12 com redução significativa do material. No total, foram economizados mais de 1.500 quilos de plástico, ou 500 gramas por passageiro a cada voo, segundo a empresa. A meta, afirma a companhia, é chegar ao fim deste ano com todas as viagens 100% livres de plástico descartável.

27 milhões de copos de café

A Etihad Airways, eleita uma das melhores aéreas do mundo, divulgou que consome cerca de 27 milhões de copos plásticos de café por ano. Em abril, fez seu primeiro voo totalmente livre de descartáveis feitos de plástico, substituindo 95 itens, como garrafas de água e refrigerante, copos, talheres e até a embalagem dos cobertores.

Conhecido por defender pautas ligadas ao meio ambiente, o britânico Richard Branson, dono da Virgin Atlantic, afirmou estar preocupado com a situação. "Todos nós ainda somos culpados disso. Estava conversando com nossa equipe, e alguém mencionou que um passageiro chega a usar até 12 copos de plástico ao longo de uma única viagem. Mesmo quando estamos fazendo tudo o que podemos para divulgar essas coisas, você ainda encontra situações como essa. Simplesmente precisamos melhorar isso", afirmou, em entrevista ao jornal "The Telegraph".

Só a substituição do plástico, porém, não resolve o problema. É preciso também reciclar o máximo possível do lixo produzido a bordo pelos passageiros.

Em julho, a australiana Qantas fez o que chamou de o "primeiro voo sem lixo" do mundo. "Isso significa que todo papel, plástico, alumínio e itens de refeição que iremos servir hoje serão usados em compostagem, reciclados ou reutilizados", afirmou uma das comissárias de bordo aos passageiros. A intenção da companhia é reduzir drasticamente as 30 mil toneladas de lixo produzidas em seus aviões.

Como estão as brasileiras?

Em julho, o grupo Latam anunciou o programa "Recicle sua viagem", com objetivo de reciclar todo o resíduo de alimentos e bebidas vendidos a bordo. O programa começa neste mês nos voos domésticos no Chile e deve ser expandido gradativamente aos mercados onde a Latam atua, inclusive o Brasil.

A companhia diz que irá reciclar mais de 20 toneladas de lixo entre agosto e dezembro deste ano e que, para o ano que vem, estima 55 toneladas de lixo reciclado. O programa envolve a tripulação que oferece os produtos a bordo do avião e depois recolhe os resíduos dos passageiros, separando alumínio, vidro e plástico, e também a LSG Sky Chef, fornecedora da Latam, que cuidará dos resíduos em solo.

A Azul tem o programa ReciclAzul, que separa as latinhas de alumínio usadas nos voos para reciclagem em cooperativas, com renda destinada a projetos sociais, como compra e doação de cadeiras de rodas. "Também estamos avaliando um incremento mais significativo e eficiente do ReciclAzul, onde iremos separar todos os resíduos recicláveis, como copos de plástico, embalagens de snacks e caixas de suco tetrapak. Assim, praticamente eliminaremos os resíduos destinados a aterros", afirmou a empresa.

A Gol não citou nenhum programa específico, mas disse que "reconhece a importância do tratamento adequado dos resíduos dos materiais utilizados a bordo e trabalha, em conjunto com as administradoras aeroportuárias, para realizar o acondicionamento e o descarte destes itens em conformidade com o plano de gerenciamento de resíduos sólidos determinado pelos aeroportos".

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