Casa própria faz construção crescer 2%, 1º resultado positivo em 5 anos
Resumo da notícia
- Construção civil teve 2% de crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, depois de cinco anos registrando quedas
- O aumento mostra recuperação do setor, mais ainda é pequeno. No total do primeiro semestre, construção tem queda de 0,1%
- O principal motivo da recuperação é a construção imobiliária, impulsionada pelo consumo familiar de materiais de construção
- Especialistas apontam que o crescimento da construção não deve passar de 1% em 2019, o que é considerado insuficiente
O PIB (Produto Interno Bruto) do setor de construção cresceu 2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação com o primeiro trimestre de 2019, o crescimento da construção foi de 1,9%. É um resultado muito acima do PIB total brasileiro, que subiu apenas 0,4%.
É o primeiro resultado positivo da construção depois de 20 trimestres (cinco anos) seguidos de queda, segundo este critério.
O resultado contrariou estudos do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), que previa uma queda de 1,8% da construção, de acordo com dados do Monitor do PIB, da FGV.
Apesar da melhora no segundo trimestre, a construção registra leve queda de 0,1% no primeiro semestre de 2019, em relação ao mesmo período do ano passado. Os números do PIB foram apresentados nesta quinta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Melhora vem da construção de casas
Segundo José Carlos Martins, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a recuperação reflete bons resultados apenas da construção imobiliária, que engloba casas e prédios em geral.
Não houve a mesma melhora nos setores de construção pesada, como rodovias, indústrias e saneamento. "Os mercados de infraestrutura e de obras industriais, se não estiverem andando para trás, estão estagnados", disse.
Martins afirma que a crise econômica dos últimos anos e o crescimento da população criaram uma demanda reprimida na construção imobiliária (aumentou o número de pessoas que querem comprar, mas que não veem condições para isso).
Assim, qualquer sinal de melhora, por menor que seja, gera um aumento instantâneo na compra de moradia por parte das famílias.
O presidente da Cbic diz ainda que os números apresentados pela indústria são animadores, mas poderiam ser muito melhores se houvesse mais investimento público em infraestrutura.
Mercado informal em alta, construtoras em baixa
"O crescimento da construção civil é tímido e passa muito mais pelo setor informal do que pelas construtoras", afirmou Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).
Segundo ele, a contribuição do setor para o PIB está relacionada ao aumento do consumo de material de construção pelas famílias, que estão com um pouco mais de dinheiro disponível em função dos juros baixos e da inflação sob controle. Isso estimula a informalidade.
"Existe um aumento nos ocupados na construção, que trabalham sem registro em carteira, mas o rendimento médio dos ocupados caiu. Então, há mais gente disputando o mesmo bolo", declarou.
Construção precisa de investimento público e privado
Zaidan diz que existem "quatro motores" que ditam o ritmo do setor: construções públicas, indústria, comércio e família. "Nenhum deles tem hoje condições objetivas de impulsionar a construção civil."
O economista afirma que os investimentos públicos em obras sequer são suficientes para manter a infraestrutura, ao passo que indústria e comércio não pensam em gastar com construção porque estão com pouca atividade econômica.
As famílias, mesmo com a melhora nas condições de consumo, não conseguem sustentar o setor, principalmente porque a taxa de desemprego continua elevada (são 12,8 milhões de desempregados no Brasil, segundo o IBGE).
Por causa desses fatores, Zaidan aposta que a construção civil deve continuar com crescimento pequeno em 2019, abaixo de 1%. Para uma melhora mais consistente, na sua opinião, o governo precisa resolver a questão fiscal (controlar os gastos) e dar sinais concretos para investidores brasileiros e estrangeiros.
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