Bolsonaro, filhos e aliados passaram anos criticando a CPMF no Twitter
Resumo da notícia
- O ministro Paulo Guedes confirmou que vai propor tributação de movimentações financeiras, como saques, depósitos e transferências
- Governo nega que seja a volta do "imposto do cheque", embora a ideia seja muito parecida com a CPMF, extinta em 2007
- Bolsonaro, seus três filhos políticos e o ministro Onyx Lorenzoni passaram anos criticando publicamente a CPMF
- Em 2018, o presidente chamou de "mentiroso e irresponsável" quem divulgasse que seu governo tentaria recriar a CPMF
- Também lembrou que votou pela revogação do imposto quando era deputado federal
Os planos do governo de propor a criação de um imposto semelhante à antiga CPMF contradizem anos de críticas do próprio presidente Jair Bolsonaro, de seus três filhos mais velhos e de membros do alto escalão do governo. Todos eles já usaram as redes sociais para criticar o antigo "imposto do cheque".
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, a proposta de reforma tributária que será apresentada pelo governo deve incluir um tributo sobre transações financeiras, como transferências bancárias, saques e depósitos, com o nome de ITF (Imposto sobre Transações Financeiras).
Veja as principais manifestações registradas no Twitter do presidente Bolsonaro e de pessoas ligadas ao governo.
Bolsonaro votou pela revogação e ligou CPMF a cubanos
Em 2015, o governo de Dilma Rousseff (PT) pretendia retomar a CPMF, alegando que precisava de recursos para financiar a saúde pública. O então deputado Jair Bolsonaro, em outubro daquele ano, ironizou a iniciativa, que considerava uma forma de financiamento do governo para Cuba.
Carlos: CPMF precede controle da mídia
O filho "zero-dois" do presidente escreveu no Twitter pelo menos 14 vezes desde 2011 para relacionar a CPMF a uma suposta tentativa dos partidos de esquerda de prejudicar o contribuinte. Ele também afirmou que a volta da tributação seria uma antessala da censura por meio do controle da mídia.
Flávio endossou abaixo-assinado contra CPMF
Desde seu primeiro ano como deputado federal, em 2015, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou cinco manifestações no Twitter contra a CPMF. Em uma delas, manifesta em vídeo posicionamento firme contra a tributação de movimentações financeiras.
"Porque se nós ficarmos movimentando entre nós, aqui, o dinheiro, ele vai acabar sendo pulverizado. Então, de forma alguma ela [a CPMF] incentiva a economia. Vejo muito mais como um freio", disse o deputado.
Onyx Lorenzoni: uma década de crítica à CPMF
Ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tem quase dez anos de publicações anti-CPMF no Twitter. A mais antiga das mais de vinte tuitadas é de outubro de 2009.
Em 2011, atuando como deputado federal, Lorenzoni afirmou que o nome que se dá ao tributo faz pouca diferença e reforçou que a CPMF não faz bem à economia.
Marcos Cintra: Parece CPMF, mas não é
Na tarde de hoje, o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, foi exonerado do cargo, em meio às críticas à volta da CPMF.
Cintra esteve empenhado em defender o tributo sobre movimentações financeiras e em tentar convencer a população de que o imposto não representaria a volta da CPMF.
A ideia dele era a de cobrar uma pequena alíquota nas transações financeiras para compensar a desoneração da contribuição das empresas para a Previdência. Assim, como o novo tributo compensaria outros que seriam retirados ou reduzidos, ele não poderia ser visto como o retorno do antigo "imposto do cheque", segundo ele.
"Imposto do cheque"
O "imposto do cheque", como ficou mais conhecido, foi criado em 1994, no governo de Itamar Franco, com o nome de Imposto Provisório Sobre Movimentações Financeiras (IPMF). Em 1997, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi recriado, já com o nome CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). A CPMF foi extinta em 2007, no início do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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