Guedes fala sobre CPMF e explica saída de Cintra: "Não faremos aventuras"
O tímido crescimento da economia, a CPMF e a saída do ex-secretário da Receita Federal (RF), Marcos Cintra, deram o tom da entrevista que o ministro da Economia, Paulo Guedes, concedeu hoje à rádio Jovem Pan.
De acordo com Guedes, Cintra era o "símbolo" do novo imposto que poderia ser apresentado na reforma tributária, fato que ficou conhecido como "nova CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira)", e sua saída era necessária para "encerrar o assunto".
Paulo Guedes disse também que a proposta não era uma volta do tributo.
"A Câmara dos Deputados atacou o imposto, os bancos atacaram o imposto, o Senado atacou o imposto, o presidente falou que não quer o imposto. Antes que dê algum mal-entendido, porque o imposto não é a CPMF, não era, você tira logo o Cintra e fala assim 'acabou esse assunto', para todo mundo entender que não é a CPMF. Todo mundo entendeu que não é? Pronto, agora vamos conversar com calma", disse.
O ministro explicou ainda que a proposta se tratava de um imposto sobre transações, e não sobre movimentações financeiras.
"Exemplo: se um traficante de drogas comprar um apartamento em Ipanema por R$ 100 milhões, ele tem que recolher. Se ele não recolheu, ele pode perder, porque ele tem que demonstrar que a posse é dele. Não é sobre movimentação financeira. Então ele não era a CPMF. Caso você faça um pagamento através de movimentação financeira no banco, você pagaria. Mas ele não é, estritamente, aquele imposto", explicou antes se dizer que o potencial de arrecadação do imposto é de R$ 150 bilhões.
Baixo crescimento da economia e "política aventureira"
Questionado sobre a possibilidade de romper o teto de gastos e congelar o salário mínimo, Guedes afirmou que "aventuras não serão feitas".
O ministro afirmou também que a economia não sentiu grandes efeitos no governo Bolsonaro por conta da demora da aprovação da reforma da Previdência. No entanto, Guedes se mostrou contrário a medidas que adequem o orçamento, mas causem "descontrole dos gastos públicos".
"Nós não faremos essas aventuras. As aventuras já foram feitas. Foi por falta de teto que os gastos públicos saíram de 18% do PIB, há 40 anos, e foi a 45% no pico do governo Dilma. E foi exatamente por esse descontrole dos gastos públicos que o crescimento, que era de 7,5% ao ano, sustentável, virou um crescimento medíocre. O Brasil hoje é prisioneiro de uma estagnação econômica", disse antes de provocar a antiga gestão do PT. "Vamos soltar o teto. Ok, voltamos ao governo Dilma! Vamos expandir então os gastos... Vamos criar emprego com a nova matriz econômica. Ou seja, isso é absolutamente ridículo. O Brasil não vai nesse caminho", encerrou.
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