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Por que lugar onde carne mais subiu foi Goiânia, justo onde há muito gado?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/12/2019 20h32

Resumo da notícia

  • Na capital goiana, carne teve aumento de 14,13% no mês passado
  • Foi maior que alta média de 10% em São Paulo e de 8% no país
  • Estado de Goiás tem segundo maior rebanho de gado do país
  • Exportações do estado para China subiram mais de 40% de novembro de 2018 para novembro de 2019
  • Também houve menos estímulo para produtores, o que reduziu rebanho, além de questões climáticas
  • Por outro lado, alta de exportações deve levar a criação de fábricas e abertura de empregos

O aumento do preço da carne em novembro foi generalizado pelo país, mas, dentre os locais pesquisados pelo IBGE, a maior alta foi registrada em Goiânia —justamente uma região produtora de gado. Na capital goiana, a carne teve um aumento de 14,13% no mês passado, contra uma alta média de 10% em São Paulo e de 8% no país.

Essa alta, como em todo o Brasil, foi desencadeada pelo aumento das exportações para a China no segundo semestre deste ano. Segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, as exportações do estado subiram de US$ 103 milhões, em novembro de 2018, para US$ 149 milhões, em novembro deste ano, alta de mais de 40%.

Os aumentos referem-se à lei da oferta e demanda única e exclusivamente. Nós temos o segundo maior rebanho do país e uma estrutura muito fortalecida de abate e de atendimento a mercados específicos, quando demandado.
Antônio Carlos Neto, secretário de Agricultura de Goiás

Outros fatores também estimularam alta

Segundo Neto, as exportações para a China desencadearam a alta de preços da carne, mas não são o único motivo; o ciclo da produção bovina e a época do ano também tiveram impacto.

A produção de carne leva um ciclo de três anos em média. [Sem alta de preços] nos últimos dois anos, os produtores, desestimulados, acabaram abatendo uma quantidade maior de matrizes [vacas], o que, consequentemente, diminuiu a oferta, pois houve uma quantidade menor de bezerros.
Antônio Carlos Neto, secretário de Agricultura de Goiás

Somado a isso, disse ele, neste ano, as chuvas, que geralmente começam na região em outubro, só chegaram em meados de novembro, o que também afeta a criação. Há, ainda, uma alta natural de preços no final de ano, por causa do aumento do consumo.

"Isso tudo acaba, pontualmente neste mês, refletindo nesses resultados [de preço], mas não é nada que crie preocupação de desabastecimento para o estado", afirmou.

Aumento das exportações gera empregos, diz secretário

Neto afirmou, ainda, que, na ponta oposta do aumento dos preços, o aumento das exportações também é uma notícia boa para o estado, que deverá ver a criação de novos frigoríficos.

Isso nos traz, por outro lado, um fator positivo. Esse movimento como um todo está nos possibilitando a reabertura de fábricas que estavam fechadas. Assim que o mercado internacional puxa a oferta, surgem novas fábricas, que, consequentemente, procuram por mão de obra. Isso repercute no emprego.
Antônio Carlos Neto, secretário de Agricultura de Goiás

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