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Após greve fracassar, liderança diz que "caminhoneiros foram omissos"

16.dez.2019 - Tráfego de caminhões foi normal no Rodoanel Oeste, em São Paulo, nesta segunda-feira  - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
16.dez.2019 - Tráfego de caminhões foi normal no Rodoanel Oeste, em São Paulo, nesta segunda-feira Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/12/2019 15h08

Resumo da notícia

  • Greve prometida para esta segunda não vingou
  • Liderança reclama de omissão por parte dos caminhoneiros
  • Ele também diz que acordo com governo teria desmobilizado a categoria
  • Gestão Bolsonaro teria prometido publicar nova ferramenta de fiscalização de empresas

A greve dos caminhoneiros, prometida na semana passada por profissionais autônomos para esta segunda-feira (16), acabou não ocorrendo. Lideranças que tentaram organizar a paralisação afirmaram que houve "omissão" da categoria. Segundo eles, motoristas desistiram da ação por causa de discordâncias políticas entre os caminhoneiros e devido a um acordo feito com o governo.

A categoria reivindica redução do preço do diesel, revisão do valor mínimo da tabela do frete e fiscalização para que as empresas cumpram o pagamento do frete.

A paralisação deveria ter começado às 6h desta segunda, mas não houve registro de qualquer paralisação significativa nas estradas do país ao longo do dia. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal), nenhuma das rodovias federais apresentou problemas.

A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), uma das entidades que liderou a greve de 2018, afirmou que também não identificou qualquer movimentação ou adesão por parte da base coligada.

"Caminhoneiros foram omissos"

"No final de semana, os caminhoneiros se desarticularam, e a maioria desistiu", afirmou o caminhoneiro Sergio Henrique Silva, liderança na Bahia e um dos apoiadores da greve.

O motorista autônomo lamenta que o movimento não tenha ocorrido e diz que o principal motivo foi a falta de união da categoria.

Os caminheiros foram omissos, como grande parte do povo brasileiro. Nós só queremos melhorias para a classe e para todos os brasileiros, mas a maioria [dos caminhoneiros] entendeu que não era hora e não quis aderir [à paralisação]
Sergio Henrique Silva, liderança de caminhoneiros na Bahia

O UOL procurou Marconi França, de Pernambuco, principal articulador nacional da greve, mas não teve retorno até o momento.

Segundo Silva, um dos motivos para a greve não ter ocorrido foi a promessa feita pelo governo de publicar amanhã (17) o novo Ciot (Código Identificador da Operação de Transportes), ferramenta que rastreia e identifica empresas que não pagam o valor mínimo do frete.

"Com o Ciot para todos, as empresas que não pagam o [frete] mínimo e sonegam impostos serão punidas. Essa promessa fez com que muitos recuassem, mas essa é só uma das várias reivindicações, ainda falta muita coisa", disse. "E, se ele [o governo] voltar atrás, iremos marcar outra [greve]."

Governo nega relação entre Ciot e greve

O governo federal confirmou a publicação do novo Ciot, mas negou que ela tenha sido articulada por causa da possível greve. Segundo o Ministério da Infraestrutura, a questão do novo código já havia sido discutida na última reunião bimestral com a classe, no início do mês, antes de surgir a ameaça de paralisação.

"O seu cronograma de apreciação [do Ciot] é de amplo conhecimento da categoria, incluindo de dissidentes que buscaram uma paralisação nesta segunda", declarou o ministério.

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) também negou relação entre o Ciot e a greve. A agência afirmou que a diretoria vai decidir sobre o novo sistema e a decisão será publicada no Diário Oficial da União. "Portanto, não há qualquer ligação entre a publicação do Ciot e a tentativa frustrada de manifestação", disse.

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