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Vai haver greve dos caminhoneiros na semana que vem?

29.mai.18 - Caminhões parados em posto de combustível às margens da BR-116, em Seropédica (RJ)  - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
29.mai.18 - Caminhões parados em posto de combustível às margens da BR-116, em Seropédica (RJ) Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/12/2019 15h32

Resumo da notícia

  • Caminhoneiros começaram a falar em paralisação nas redes sociais na semana passada
  • Alguns representantes autônomos garantem que vão parar na segunda-feira (16)
  • Lideranças dizem que movimento cresce, mas afirmam que classe está dividida
  • Sindicatos não falam em paralisação, e muitos autônomos nem sabem da possibilidade de greve
  • Governo federal diz que vê movimento reduzido

A possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros começou a pipocar nas redes sociais e em grupos de WhatsApp na semana passada. Lideranças entre caminhoneiros autônomos dizem que vão parar na próxima segunda (16). Será que haverá nova greve?

É difícil afirmar com certeza, porque a classe não tem uma liderança única e parece estar dividida. Lideranças de diferentes locais do país dizem que a ideia de paralisação tem crescido entre os caminhoneiros autônomos, mas outros representantes da categoria afirmam que a proposta não está tão difundida assim. A confederação de sindicatos não fala em paralisação. O governo diz que não vê motivo para alerta.

Veja mais detalhes abaixo sobre quem prevê paralisação e quem afirma que movimento não deve acontecer.

Movimento está crescendo, diz liderança

Marconi França, uma das lideranças nacionais em prol da greve, diz que não consegue estimar o alcance da possível paralisação, mas afirmou que o movimento "tem crescido" e que uma parcela significativa de caminhoneiros autônomos deverá aderir.

As pessoas estão entendendo nossa ideia. Ela [a paralisação] é só para melhorar a vida do trabalhador. Nossas leis vigentes, já aprovadas, não estão sendo respeitadas, inclusive a do piso mínimo [do frete]. Ninguém respeita, ninguém paga, e o governo não faz nada. Nos abandonou.
Marconi França, líder dos caminhoneiros autônomos de Recife (PE)

"Com certeza está crescendo", afirmou Sergio Henrique, liderança da Bahia.

Cada autônomo é dono do próprio movimento e, com esses aumentos abusivos [no preço dos combustíveis], será um grande movimento. Esse governo só trabalha em prol do rico. O pobre está passando fome.
Sergio Henrique, liderança da Bahia

Alguns não sabem da greve

França disse esperar que a greve tome as proporções de 2018, mas afirmou que a classe está dividida "por questões ideológicas" e que há muitos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que não deverão participar.

Uns defendem Bolsonaro, outros defendem [o ex-presidente] Lula. Isso acaba dividindo, mas nós não temos ideologia política. Essa briga é pela categoria.
Marconi França, líder

Parte dos caminhoneiros não está nem sabendo da possibilidade de paralisação.

A galera está bem insatisfeita com a situação, mas eu confesso que só fui saber sobre isso [a greve] ontem [segunda-feira, 9/12]. Acho que, como eu, muitos também não sabem.
Ailton Guerra, caminhoneiro da Baixada Santista

Participante da greve de 2018, ele diz que só deve aderir na semana que vem se o movimento tomar grandes proporções.

Eu sou o típico brasileiro. Para mim não está bom, não está bom para ninguém. Então, se os outros pararem, eu também paro. Mas não sei se vai ter mobilização como no ano passado, o brasileiro é muito omisso.
Ailton Guerra, caminhoneiro da Baixada Santista

Sindicatos não falam em paralisação

A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) afirmou que, até agora, "desconhece, dentro da sua base coligada, qualquer movimentação para uma greve".

"Qualquer decisão oficial sobre paralisação por parte da CNTA requer um procedimento obrigatório (e legal) dentro da representatividade sindical", afirmou o órgão, por meio de nota.

Ou seja, para falarmos sobre greve, é necessário que os sindicatos que fazem parte da nossa base realizem assembleias deliberativas para votação sobre a mesma e sua pauta de reivindicação.
CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos)

Até a publicação desta matéria, este movimento não havia sido feito.

Governo não vê motivo para alerta

O governo federal disse que está monitorando a situação e não vê uma articulação tão forte entre os caminhoneiros como no ano passado. Para o Ministério da Infraestrutura, se ocorrer, o movimento deverá ser reduzido.

Ao UOL, o Ministério afirmou procurar estabelecer um "papel conciliador", por meio de reuniões bimestrais com representantes de embarcadores, transportadores e caminhoneiros autônomos, no chamado Fórum Permanente do Transporte Rodoviário de Cargas, em Brasília.

Segundo o órgão, na última reunião, realizada na semana passada, não houve qualquer menção à paralisação.