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Caminhoneiros bloqueiam estradas, em greve contra aumento do diesel

Do UOL, em São Paulo

21/05/2018 08h42Atualizada em 21/05/2018 19h07

Caminhoneiros autônomos, que não estão ligados a transportadoras, entraram em greve nesta segunda-feira (21) contra o alto custo do diesel. A paralisação foi convocada pela Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros). A categoria quer que o governo federal corte impostos para baratear o combustível. O governo marcou uma reunião para a noite desta segunda para discutir o assunto, mas o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que não há espaço para cortar impostos.

Há paralisação confirmada em ao menos 18 estados, com alguns bloqueios em rodovias. As regiões Sul e Centro-Oeste tinham o maior número de interdições, segundo dados atualizados até 16h30 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Ainda segundo a PRF, havia manifestações no fim da tarde no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rondônia, Pará, Tocantins, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. 

Mais cedo, houve protesto na chegada ao porto de Santos (SP) e na BR-163, na altura de Cuiabá (MT). Ambos são importantes para escoar a safra de grãos, em especial da colheita de Mato Grosso, principal produtor nacional. Por ora, entidades do setor avaliam que praticamente não há impacto sobre a programação de embarques pelo Brasil, que acaba de colher uma safra recorde de soja e se prepara para a colheita do chamado milho "safrinha".

Veja mais abaixo alguns pontos pelo país onde houve protestos.

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São Paulo (capital)

Em São Paulo, na zona leste da capital, a avenida Jacu-Pêssego, no sentido Ayrton Senna, próximo à rua Jaime Ribeiro Wrigth, estava com duas faixas interditadas entre 8h e 10h, de acordo com informações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Por volta das 8h, uma manifestação ocupava quatro faixas da Marginal Pinheiros no sentido Castelo Branco, pouco depois da Ponte Octavio Frias de Oliveira (Estaiada), na zona sul da capital paulista.

Ainda na Marginal Pinheiros, havia bloqueio no sentido Interlagos, perto da Ponte Jaguaré, na zona oeste, por volta das 10h.

Por volta das 16h, o tráfego no sistema Anhanguera-Bandeirantes havia sido normalizado, após engarrafamento em suas pistas expressas. A rodovia Castello Branco tinha tráfego interrompido na pista expressa. As 16h43, o bloqueio no sentido capital paulista  causava engarrafamento do km 14 ao 13, em Osasco.

Porto de Santos (SP)

No início da manhã, houve manifestação no porto de Santos, que já perdeu força. As operações de recepção e entrega de mercadorias nos terminais do Porto de Santos, o maior do Brasil, foram afetadas por causa dos protestos nesta manhã, de acordo com comunicado da administração portuária.

Ainda segundo a administração portuária, um caminhão quebrado interditava a chegada de veículos ao porto pela margem do Guarujá, afetando o tráfego nos dois sentidos, no início da tarde.

SP

Na rodovia Presidente Dutra, sentido São Paulo, protestos entre os km 101 e 106, na região de Pindamonhangaba, travavam o trânsito, de acordo com a concessionária CCR Nova Dutra. Em Lorena, também rumo a São Paulo, havia interdições entre os km 50 e 51. Nas cidades paulistas de Jacareí e São José dos Campos, manifestantes ocupam faixas e o acostamento da Dutra.

Também havia protesto no interior paulista, na região de Americana e de Paulínia, na rodovia Zeferino Vaz (SP-332). 

MG

Em Minas Gerais, caminhoneiros bloquearam a rodovia BR-262, em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte. Durante a madrugada, chegaram e interditar a via incendiando pneus.

Rio de Janeiro (capital)

Caminhoneiros levaram seu movimento ao centro do Rio de Janeiro no início da tarde. Ao volante de cerca de 20 veículos de carga, com faróis e pisca-alerta acesos e tocando suas buzinas, por volta das 13 horas os profissionais desceram pela pista central da Avenida Presidente Vargas, no sentido Candelária.

O comboio foi precedido de uma patrulha da Polícia Militar e alguns automóveis de passeio. A manifestação ocupou apenas uma das faixas de rolamento, deixando as outras livres.

RJ

No Rio de Janeiro, segundo a Polícia Rodoviária Federal, caminhões haviam parado nos acostamentos da BR-393 (Rio-Bahia) perto do km 104, na região de Sapucaia. 

Situação semelhante ocorreu na rodovia Presidente Dutra, principal ligação entre os estados do Rio e São Paulo, com manifestações do km 275 ao 278. O protesto, segundo a PRF, causou congestionamento. Na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense, também houve protesto, mas os caminhoneiros ocuparam apenas o acostamento.

Houve registros de protestos, ainda, na BR-101 (Rio-Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense), onde pneus chegaram a ser incendiados para bloquear a pista, de acordo com informações da Band, e perto da cidade de Itaborai, na região metropolitana.

MT

No Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos, houve manifestação na zona industrial de Cuiabá, na BR-163, principal rota para escoar a safra para terminais no norte e sul do país. Segundo a concessionária que administra a rodovia, apenas veículos de passeio eram autorizados a passar.

DF

Também há registros de manifestações no Distrito Federal. Na região de Brasília, caminhoneiros fazem protesto na rodovia BR-040.

PR

No Paraná, a Polícia Rodoviária Federal informou interdições parciais em trechos da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), na região de Quatro Barras, e da BR-277, em Paranaguá.

De acordo com a PRF, manifestantes bloquearam desde cedo uma faixa em cada sentido da BR-277 em Paranaguá. Na BR-116, os caminhoneiros interditaram uma das faixas da pista no sentido São Paulo. A manifestação ocorre em frente a um posto de combustíveis, na altura do quilômetro 67, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba.

Também há protestos na BR-376, nas regiões de Ponta Grossa, Mauá da Serra e Califórnia, e na BR-153, perto de Santo Antônio da Platina e de Ibati. 

No fim de semana, a Justiça Federal no Paraná havia proibido que caminhoneiros bloqueassem totalmente qualquer rodovia federal que cruze o estado, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora em caso de descumprimento da medida.

BA, CE e PE

Em Pernambuco, o protesto acontece no km 83 da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, cerca de cem caminhões estão parados em uma das faixas da rodovia.

No Ceará, cerca de 50 caminhoneiros bloqueiam trecho da BR-020. Há bloqueios também no Anel Viário, entre Fortaleza e Maracanaú.

Na Bahia, há bloqueios no km 531 da BR-324, em Feira de Santana. Na BR-116, atos se concentram no km 521, em Itatim, e no km 672, em Jequié. Há manifestações também na BA-526, no sentido Salvador.

Associação diz ser contra bloqueios

A Abcam, entidade que convocou a greve, diz que não apoia interdições ou bloqueios em rodovias. Segundo o presidente da organização, José da Fonseca Lopes, a proposta é que os caminhoneiros não saiam de casa para trabalhar ou que fiquem estacionados em postos de combustíveis.

"Não precisamos fechar estradas, colocar fogo em pneus ou até mesmo pôr em risco o patrimônio de terceiros", disse a entidade, em comunicado à categoria. A Abcam reúne cerca de 700 mil caminhoneiros autônomos.

Segundo Lopes, a paralisação só vai terminar quando o governo decidir negociar o corte de impostos para baixar o preço dos combustíveis. Os caminhoneiros reivindicam que as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sejam zeradas, além da isenção da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Os impostos representam quase a metade do valor do diesel na refinaria.

Diesel na refinaria subiu 58% desde julho

Os caminhoneiros autônomos dizem estar no limite e afirmam que uma carga tributária menor daria fôlego ao setor, já que o diesel representa 42% do custo da atividade.

Os aumentos do diesel são resultado da nova política de preços da Petrobras, que repassa para os combustíveis a variação da cotação do petróleo no mercado internacional, para cima ou para baixo. Nos últimos meses, o petróleo tem apresentado forte alta.

Desde 3 de julho do ano passado, quando o novo método de reajustes foi adotado, o preço do diesel comercializado nas refinarias subiu 57,78%. A inflação oficial no Brasil acumulada entre julho de 2017 e abril de 2018 (último dado disponível) é de 2,68%.

A reivindicação dos caminhoneiros é apoiada pelos donos de postos de combustíveis, que dizem estar perdendo margens com os aumentos de preços. Segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, o setor vai sugerir ao governo a redução dos impostos e também que a Petrobras faça o reajuste em intervalos maiores.

Última greve foi em 2015

A última vez que os caminhoneiros promoveram protestos nacionais foi no início de 2015, quando exigiram redução de custos com combustível, pedágios e tabelamento de fretes.

Os protestos duraram vários dias e paralisaram dezenas de rodovias, em um movimento que afetou as exportações do país. Os caminhoneiros suspenderam o movimento após o governo da então presidente Dilma Rousseff aprovar a chamada Lei do Caminhoneiro, que reduziu custos em rodovias com pedágios.

(Com agências de notícias)

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