Medidas do novo presidente argentino podem aumentar preço do pão no Brasil
Resumo da notícia
- Aumento de impostos sobre exportações agrícolas pode encarecer trigo e subir preço de pão e massas
- Tributo na compra de dólares por argentinos pode afetar turismo para o Brasil
- Argentina responde pela maior parcela de turistas estrangeiros aqui
- Alternativa pode ser importar trigo de outros países
O pacote econômico na Argentina, apresentado pelo governo de Alberto Fernández e aprovado no Congresso de lá pode ter reflexos no Brasil.
Especialistas chamam a atenção para duas medidas: o aumento de impostos sobre exportações agrícolas (que pode aumentar o pãozinho do brasileiro) e o tributo na compra de dólares (que pode reduzir o número de turistas argentinos no Brasil).
Pães e massas podem ficar mais caros
O imposto sobre a soja passa de 30% para 33%, enquanto o imposto sobre o milho e o trigo aumenta de 12% para 15%. Como a Argentina é o maior fornecedor de trigo e farinha para o Brasil, os economistas não descartam que o reajuste possa ser repassado ao preço final de pães e massas.
"É grande a possibilidade de esse aumento ser repassado para o preço final dos alimentos produzidos aqui", afirma o pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV Ibre Livio Ribeiro.
O encarecimento desses alimentos pode apertar ainda mais o cardápio das famílias brasileiras que já encontram dificuldade em comprar outros produtos no mercado, como a carne bovina.
Brasil pode importar de outros países
O agronegócio brasileiro, no entanto, pode buscar alternativas para reduzir impacto no consumidor.
"Fizemos algumas análises e existe a possibilidade de troca de parceiros para continuar com um preço médio para o Brasil, o que não causaria pressão inflacionária significativa para nós. O Brasil deve fazer um 'mix' de importações de trigo outros países como os Estados Unidos, o Canadá e o Paraguai", diz o economista-chefe da Infinity Assets, Jaison Vieira.
Plano argentino pode falhar e afetar mais o Brasil
Os economistas são pessimistas em relação ao sucesso do pacote de medidas econômicas da Argentina. Ribeiro aponta que, caso o plano do governo de Fernández falhe, o Brasil sentirá impactos a longo prazo. "Discordo quando dizem que o impacto já foi diluído, por causa do setor automotivo. A relação entre os dois países é grande e a longo prazo podemos ter uma desorganização da cadeia produtiva e impactos no mercado brasileiro e do Mercosul."
Procura por turismo pode diminuir
Outra medida proposta pelo governo de Alberto Fernández que pode ter reflexo no Brasil é a taxação em 30% de compras no exterior com cartão de crédito, as viagens ao exterior e a compra de dólares.
O país é a maior fonte de turistas para o Brasil. Em 2018, 2,4 milhões de argentinos visitaram o Brasil, correspondendo a 37,7% do total de turistas, segundo o Ministério do Turismo.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, por meio da assessoria de imprensa, comentou que "para o Brasil, essa medida deve ter impacto menor pois recebemos mais argentinos nos períodos de férias, cujas viagens são programadas com mais antecedência. Os locais mais prejudicados devem ser Miami e Orlando, tradicionais destinos de compras para os argentinos".
A alta temporada de Natal e Réveillon deste ano não deve ser afetada, visto que os turistas já fecharam seus pacotes para a temporada. O Carnaval de 2020 pode ser um bom termômetro desse fluxo de viajantes, de acordo com a vice-presidente de turismo especializado da Associação Brasileira de Agências de Viagem, Teresa Cristina Fristch.
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