Por que coronavírus abala mais que outros surtos? A China cresceu muito
Resumo da notícia
- Início do surto na China, segunda maior economia do mundo, preocupou mercado
- Chegada rápida do coronavírus em outros países trouxe pânico para investidores
- Sem clareza da duração e do alcance do surto, impacto negativo continuará na economia, dizem analistas
Por que o novo coronavírus está tendo esse impacto tão grande em vários aspectos globais, inclusive na economia, derrubando Bolsas e fazendo o dólar disparar? No que ele é diferente de outras gripes, como a Sars (síndrome respiratória aguda grave)?
O UOL ouviu especialistas para tentar respostas sobre isso. O ponto principal do pânico no mercado é o tamanho e a importância da China no mundo hoje. Para um analista, a reação dos mercados não é exagerada e ocorre pela imprevisibilidade da situação. Veja mais abaixo algumas questões da relação entre o coronavírus e o mercado.
Por que o pânico é maior em relação a outros surtos?
A Sars também se espalhou a partir da China entre 2002 e 2003. Mas a relevância do país asiático era outra 18 anos atrás. Agora, é a segunda maior economia do mundo, e seu peso é determinante para as consequências na economia real.
Por que a situação na China importa tanto?
Em relatório distribuído aos clientes, o BB Investimentos relembrou que em 2003, no pico da epidemia de Sars, o PIB (Produto Interno Bruto) do país representava apenas 4% do PIB mundial
Agora, a participação da economia chinesa no PIB global quadruplicou e é de 16%. Assim, qualquer redução do nível de atividade chinesa afeta a economia global. As projeções de crescimento do país, que estavam em 6% para o ano, mesmo com a guerra comercial com os Estados Unidos, foram revisadas depois do coronavírus.
O Itaú Unibanco, por exemplo, revisou a projeção de crescimento mundial para o ano de 3,1% para 2,7%. A mudança ocorreu porque o banco reduziu as expectativas de alta dos PIBs da China e da Europa de 5,8% para 5,3%.
Qual o problema de fechar fábricas na China?
As medidas tomadas pelos países para combater o surto restringem a circulação de pessoas nas cidades para evitar o contágio e afetam a produção, declarou o economista Silvio Campos Neto, especialista em mercados internacionais da Tendências Consultoria. Essas decisões, segundo ele, reduzem a fabricação de produtos e fecham lojas. Com restrições de mobilidade, menos pessoas compram.
Com linhas de produção paradas e baixa circulação de pessoas para comprar, empresários e consumidores adiam as decisões de consumo e investimentos, afirmou o economista. Mesmo com sinais de redução do número de contaminações na China, a curva de contágio é crescente em outros países como Itália, Estados Unidos e no próprio Brasil.
O mercado está exagerando na reação?
Silvio Campos Neto declarou que não há um exagero do mercado, mas sim a falta de clareza sobre os impactos do surto na Economia.
Segundo ele, a dependência global da economia da chinesa aumenta as incertezas dos analistas.
Por que as Bolsas caem pelo mundo?
O medo de perdas faz investidores tirarem seu dinheiro do mercado de renda variável, como Bolsas, e aplicar em moedas consideradas seguras. Por isso, o preço das ações, vendidas em larga escala, cai, e o das moedas, muito.
Quanto tempo dura isso?
Para Silvio Campos Neto, enquanto não ficar clara a duração do surto, as Bolsas serão afetadas e o dólar deve permanecer em alta.
Que setores são mais afetados?
O economista Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), afirmou que o país asiático tem forte presença global nos setores automotivo, de oléo e gás, turismo, aviação e produto de eletroeletrônicos. Todos eles foram significativamente afetados pelo coronavírus nas principais economias do mundo.
"Com o coronavírus, as fábricas pararam de produzir, os turistas deixaram de viajar e o comércio encolheu. Tudo isso afeta a economia global. Podemos ter no Brasil e em outros países, aumento do preço de produtos pela redução da oferta de produtos", disse.
Empregos no Brasil vão sofrer com a crise?
Bentes afirmou que o desemprego deve permanecer alto já que não são esperados novos investimentos no Brasil para abertura de vagas. Isso porque os empresários devem ficar aguardando para saber o impacto do surto no país.
Indústria brasileira vai ser beneficiada?
Os sinais também são ruins para a indústria brasileira. A alta do dólar poderia ajudar o Brasil a vender mais para outros países. Entretanto, com a chegada do coronavírus, as fábricas podem ser paralisadas.
Dados do BB Investimentos mostram que a China é o destino de quase 30% das exportações brasileiras. Entre os produtos mais vendidos, estão petróleo, minério de ferro e soja. Os preços dessas commodities no mercado internacional tem caído e os chineses têm reduzido as importações.
Além disso, a indústria brasileira compra do país asiático uma série de componentes para a fabricação de produtos da linha branca, como fogões e geladeiras. A paralisia de linhas de produção na China deve impactar as fábricas brasileiras.
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