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'Se fizer muita besteira, dólar pode ir a R$ 5', disse Guedes há uma semana

Paulo Guedes, ministro da Economia - Agência Brasil
Paulo Guedes, ministro da Economia Imagem: Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

12/03/2020 12h23

Logo após a abertura dos negócios de hoje, o dólar comercial chegou a superar R$ 5 pela primeira vez na história. A marca foi rompida uma semana após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que a moeda norte-americana alcançaria tal patamar se "muita besteira" fosse feita.

Questionado por jornalistas na última quinta-feira (5), durante evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), sobre a possibilidade de a cotação do dólar chegar a R$ 5, Guedes respondeu: "É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer".

O ministro ainda afirmou na ocasião que outros fatores inesperados poderiam levar o dólar a R$ 5, como a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou do Presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

"Se o presidente pedir para sair, se o presidente do Congresso pedir para sair... se todo mundo pedir para sair... se todo mundo falar que... entende... se tiver... bom, às vezes eu faço algumas brincadeiras de professor e isso vira coisa errada", disse Guedes.

Questionado hoje em Brasília sobre a alta do dólar e as declarações da semana anterior, o ministro afirmou que "não disse besteira do governo". "Você se lembra que usei expressão diferente, disse: olha, se o presidente, se o ministro, se a oposição, se o Congresso... Então... E é exatamente sinal como esse", disse a jornalistas.

O que fez o dólar ir a R$ 5?

Há uma semana, quando Guedes fez essas declarações, o dólar vinha batendo seguidos recordes e rondava a casa dos R$ 4,60. Mas não foi uma besteira do ministro que fez a moeda saltar e chegar aos R$ 5.

Vários fatores contribuíram para essa alta, entre eles a pandemia do novo coronavírus, a guerra nos preços do petróleo no mercado internacional, a suspensão de viagens da Europa para os Estados Unidos.

OMS declara pandemia do coronavírus

Ontem, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou uma pandemia do coronavírus, o que significa que há uma transmissão recorrente em diferentes partes do mundo e de forma simultânea.

Os mercados reagiram com força, temendo impactos na economia mundial por causa de medidas adotadas pelos governos para conter o avanço da epidemia.

O banco central britânico cortou sua taxa de juros, e a Itália aumentou os gastos diante de um crescente números de infectados e mortos no país. Na semana passada, os EUA já haviam feito um corte emergencial em sua taxa de juros.

No Brasil, Guedes afirmou que foi buscado um entendimento com o Congresso para disponibilizar até R$ 10 bilhões para o combate ao coronavírus no país.

Suspensão de viagens da Europa para os EUA

Na noite de ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a suspensão de parte das viagens vindas da Europa pelos próximos 30 dias. As restrições, tomadas em função da pandemia do coronavírus, começam amanhã (13), a partir da meia-noite, e não se aplicarão ao Reino Unido.

Com a medida de Trump, passageiros com viagem agendada terão de remarcar voos e o comércio internacional fica comprometido, elevando os riscos de uma recessão econômica.

Guerra nos preços do petróleo

Na segunda-feira (9), os preços do petróleo no mercado internacional, que já vinham caindo por causa das preocupações com o avanço do coronavírus, despencaram por causa de um impasse envolvendo a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

O bloco propôs um corte na produção de petróleo para segurar os preços, mas a Rússia recusou. Como resposta, a Arábia Saudita, maior produtora mundial da commodity, baixou seus preços e sinalizou que aumentará a produção para ganhar participação no mercado. A disputa comercial fez a cotação do petróleo ter a maior queda desde a Guerra do Golfo.

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