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Dólar sobe pelo 12º dia e bate novo recorde, a R$ 4,65; Bolsa despenca 4,6%

Cotação do dólar - Getty Images/iStockphoto
Cotação do dólar Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

05/03/2020 17h06Atualizada em 06/03/2020 11h21

O nervosismo com o surto do coronavírus e o temor de seus impactos na economia global voltaram a afetar o mercado financeiro. O dólar comercial emendou o 12º dia de alta e fechou com valorização de 1,54%, cotado a R$ 4,651 na venda. O valor representa novo recorde nominal (sem considerar a inflação) para um fechamento. A alta se manteve mesmo após atuação do Banco Central.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, despencou 4,65%, aos 102.233,24 pontos, com todas as ações no vermelho e forte queda entre as empresas do setor de turismo. Entre as mais negociadas, a ação da Petrobras (PETR4) fechou em queda de quase 6%. Com crise de confiança, IRB (IRBR3) desabou mais de 16%, assim como a Gol (GOLL4). Azul (AZUL4) tombou 14,53% e CVC (CVCB3), 9,83%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Guedes diz que dólar pode chegar a R$ 5

Além do coronavírus, o contexto local também influenciou o câmbio, com o ministro da Economia voltando a dizer que é normal a alta da moeda e críticas à postura do Banco Central, diante da disparada do dólar e dos sucessivos recordes.

Paulo Guedes disse hoje que a economia sob Bolsonaro trocou juros altos e câmbio baixo por juros baixos e dólar flutuante em patamar mais alto, girando entre R$ 3,60 e R$ 4,60. Perguntado se o dólar poderia chegar a R$ 5, Guedes disse: "Se fizer muita besteira, pode chegar nesse nível".

Sobre o dólar mais alto, a R$ 4,66, disse que há dois dias a imprensa falava em crise de governabilidade, e que o governo entrou em choque com o Congresso. "Com esse frisson todo, sobe um pouco", disse. "Se vocês [a imprensa] estiverem menos nervosos daqui a um mês e virem as mudanças que estão acontecendo, o dólar melhora."

Além da imprensa, ele culpou desaceleração global e a pandemia do novo coronavírus pela alta do dólar.

Atuação do BC é criticada

Somando uma oferta já programada e duas extraodinárias, o BC vendeu um total de US$ 3 bilhões apenas nesta sessão em contratos de swap cambial tradicional. A atuação do BC foi alvo de críticas por parte dos analistas.

"O mercado está aturdido. O BC apagou a fogueira com querosene", disse no Twitter o sócio-fundador e gestor da SF2 Investimentos. "Parece que é intencional. A atuação é tão ruim que parece que o BC quer o dólar mais alto", afirmou um gestor que preferiu não ser identificado.

Expectativa de corte de juros

Investidores seguiam cautelosos diante da possibilidade de novo corte na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central devido aos riscos econômicos do novo coronavírus.

Na noite de terça-feira (3), o BC afirmou que monitora atentamente os impactos do coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira, deixando em aberto a possibilidade de uma nova redução na Selic. Também na terça, os Estados Unidos promoverem um corte emergencial em sua taxa de juros.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC se reúne em 17 e 18 de março para decidir sobre a taxa de juros, que está em patamar mínimo recorde de 4,25% ao ano.

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

*Com Reuters

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