Clientes antecipam compras, e supermercados reforçam abastecimento em SP
Sacos com papel higiênico para lá, reposição de água mineral para cá e caixas e mais caixas vazias espalhadas pelos corredores. Este tem sido o cotidiano movimentado de supermercados em São Paulo nesta última semana.
Com medo de que a cidade, que já decretou Estado de Emergência, entre em quarentena e faltem alimentos, cidadãos têm feito estoque de produtos básicos. Os supermercados têm intensificado o estoque.
Tenho família para alimentar, diz empresária
Entre caixas no chão e prateleiras com alguns espaços vazios, a empresária Joana Valim, 46, checa sua lista de compras. No carrinho, papel higiênico, óleo de soja, arroz e materiais de limpeza. Ainda faltavam pão, água, laticínios e proteína animal.
"Hoje, o supermercado está aberto e com comida, mas e amanhã? E quando o vírus chegar de vez? Eu tenho uma família para alimentar, não pode faltar nada", declarou a empresária. Segundo ela, um amigo médico já advertiu seu grupo que a situação vai piorar e é "bom se precaver".
"Já já, vai aumentar o número de doentes e as pessoas vão ficar desesperadas. Eu não quero enfrentar isso, estou garantindo já. O que tem aqui dá para mais de um mês, talvez até dois, se for econômico", avaliou.
Sem motivo para alarde
O arquiteto Fabio Diciomo, 49, também decidiu fazer compras de produtos básicos por achar que poderiam faltar. Mas, ao ver as prateleiras cheias em um hipermercado Extra na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, região central de São Paulo, diz não ver motivos para alarde.
"Foi um erro meu [encher o carrinho]. Achei que ia faltar comida, mas não vai. Temos que segurar a população, é papel da imprensa, sem alarmar, senão vai ficar ruim para todo mundo", declarou, após as compras.
Comprando em dobro
Na outra ponta, Sâmia Damacena, 39, que fazia compras em um Pão de Açúcar na av. Rebouças, acha que a população "não está alarmada o bastante". Ela e o marido decidiram comprar em dobro todos os produtos que consideram essenciais.
"Temos que pensar na coletividade, mas o brasileiro não pensa. As ruas cheias, os metrôs lotados. Uma hora vai faltar comida, sim, e aí, como é que fica? Minha filha vai passar fome? Não quero brigar por comida", argumentou.
Alimentos básicos e limpeza são os mais procurados
Ao observar os carrinhos e as prateleiras de diferentes mercados da capital, alimentos básicos, como arroz, feijão, legumes e pão, e de limpeza eram os preferidos dos consumidores que buscavam fazer um pequeno estoque.
"Comida do dia a dia é o que mais está tendo saída. Em vez de comprar 1 kg de arroz, estão comprando aquele saco com 5 kg. Em vez de levar um pão de forma, estão levando três. Por aí vai", relatou um funcionário do supermercado Dia na rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, zona oeste da capital.
Garantir mãos limpas
Produtos de limpeza também estão cada vez mais difíceis de encontrar. Em muitas prateleiras, as seções de sabão estavam praticamente vazias.
"É só o que você ouve na TV: lave as mãos, lave as mãos, higienize os objetos, vamos matar o vírus! Todo mundo quer, né?", declarou Clementina Santos, que levava quatro sachês de sabão líquido, dois desinfetantes e três frascos multiuso.
Aumento na demanda também tem atingido distribuidoras de água. Uma na rua Artur de Azevedo, em Cerqueira César, diz que as compras subiram desde segunda-feira (16), mas não teme o desabastecimento. "Não vai faltar [água], não. Mas aumentou um pouco, sim, a compra de galões, que é para casas.", afirmou um funcionário do depósito.
Por que papel higiênico?
Mas o produto específico preferido, em disputa nos sete mercados visitados (alguns em mais quantidade, outros, menos), era o papel higiênico. Não havia carrinho cheio visto pela reportagem que não tivesse pelo menos um pacote com rolos.
"A gente tem que se limpar não, é?", respondeu Damacena, rindo. Ela levava um pacote com oito rolos no carrinho. Esta já era a segunda compra de papel na semana. No sábado (14), havia comprado quantidade semelhante. "É uma coisa que não pode faltar."
Mas não é só para higiene pessoal no banheiro que os clientes optavam pelo produto. Os rolos também se mostram opções mais acessíveis e práticas de higienização na hora de sair de casa.
"Eu sou autônoma, não posso ficar parada em casa, vou levar [o rolo] na bolsa. Se precisar cobrir a boca para tossir ou limpar as mãos é mais rápido. Aqueles lenços umedecidos são muito caros", justificou Sandra Peixoto, 41.
Grandes redes se preparam para manter abastecimento
As caixas semiabertas no chão, cena presente em todos os mercados visitados, é sinal do reabastecimento das prateleiras. Em algumas situações, o produto nem era reposto no mostruário, a pessoas já pegavam do chão.
Só assim para evitar a falta de produtos. À reportagem, funcionários dos diferentes pontos relataram que as redes têm aumentado a quantidade e a frequência do abastecimento, em especial dos produtos mais procurados.
"Chega caminhão toda hora. É com papel higiênico, água, sabão em pó. Não para, não", relatou um funcionário do Pão de Açúcar.
Para evitar o desabastecimento, o grupo adotou, na última terça (17), uma campanha de estímulo ao "consumo consciente" em que restringe o número de compra de produtos para cada cliente.
"Dessa forma, alguns itens só poderão ser adquiridos de forma limitada a cada compra, tais como produtos de higiene pessoal e limpeza, além de produtos de necessidade básica, como arroz, água, leite e massas. A iniciativa está válida para todas as lojas das redes e em todo o Brasil por tempo indeterminado", informou o GPA ao UOL.
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