Prevent Senior, plano de muitos idosos, sofrerá mais com coronavírus?
O impacto que a epidemia de coronavírus terá no mercado de planos de saúde ainda é incerto, já que o número de casos confirmados está aumentado rapidamente. A Prevent Senior está em evidência por ter registrado cinco mortes pela doença até agora.
Para analistas consultados pelo UOL, ainda que o número chame atenção, isso pode ser explicado pela base de clientes da empresa. Ela foi uma das primeiras no país a focar no cliente com mais de 50 anos de idade, enquanto o grupo de risco da doença é de pessoas acima de 60 anos.
"Sistema privado deve ser sobrecarregado"
Para Walter Cintra, coordenador do curso de especialização em Administração Hospitalar e de Serviços e Sistemas de Saúde da FGV (Fundação Getulio Vargas), todas as operadoras deverão ter aumento de taxa de sinistralidade, que é quanto a empresa gasta com os serviços em comparação com quanto recebe, já que a tendência é de proliferação de casos nas próximas semanas, com aumento de procura por médicos e internações.
"O sistema privado deve ser sobrecarregado. Isso já está acontecendo com laboratórios por causa (da procura) dos testes para detecção do coronavírus", afirma Cintra.
No caso da Prevent Senior, analistas acreditam que os custos podem ser maiores, já que a base de clientes é formada por pessoas mais velhas, justamente o grupo de risco da doença.
"Realmente é um tipo de cliente que vai acabar indo para UTI com mais frequência, necessitando de cuidados mais caros com mais despesas do que as demais faixas", afirma o consultor em Gestão em Saúde Rubens Baptista Junior, professor no Hospital das Clínicas do Faculdade de Medicina da USP.
Saúde financeira da Prevent Senior
De acordo com o último balanço financeiro disponível em seu site, com dados de 2018, a rede própria da Prevent Senior possui unidades na Grande São Paulo e em Santos, "compostas por Núcleos de Medicina Avançada e especializados, além das unidades Prevent Senior Medicina Diagnóstica e a rede hospitalar Sancta Maggiore".
A empresa totalizou 420 mil clientes em 2018, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior, quando eram 374 mil. O faturamento bruto chegou a R$ 3 bilhões em 2018, R$ 500 milhões a mais do que em 2017. Os custos dos serviços em 2018 representaram 67,5% da receita. Em 2017, tinha sido de 74,6%.
Cintra diz que a Prevent Senior é uma das operadoras que têm melhores taxas de sinistralidade (relação entre custos e receitas) do mercado.
O professor afirma que não deve haver um sério dano financeiro para a empresa, mesmo com o aumento de custos previsto para os próximos meses com a expansão da epidemia, e pelo fato de a base de clientes da Prevent Senior ser de pessoas mais velhas, justamente o grupo com mais risco para a doença.
Cintra faz a ressalva, porém, de que não conhece em detalhes a situação financeira da empresa,
"Pelo que afirma o (diretor-executivo) Fernando Parrillo, eles estão em uma condição financeira bem privilegiada, quando comparada com as demais", diz. "Eles são muito pouco alavancados. Não trabalham com empréstimos, trabalham com recursos próprios. Se for verdade, não terão maiores problemas."
Rubens Baptista Junior também acredita que a empresa tem robustez para aguentar a crise atual, ainda que também faça sua avaliação sem conhecer internamente os balanços da operadora.
"Ela demonstra ter capacidade financeira muito forte pelas obras, pelas aquisições, multiplicação das unidades hospitalares", afirma.
Ainda assim, ele considera que o tamanho do impacto dependerá da duração da epidemia. "Se for contida em tempo razoável, não vai abalar a estrutura. Se durar muito tempo, se o quadro for complicado, abala não só ela, como todas as empresas (do setor)."
Dano à imagem
Outro impacto que a empresa pode sofrer é com sua imagem. Até agora, a Prevent Senior registrou cinco mortes por causa do coronavírus.
A Prefeitura de São Paulo decidiu investigar se a empresa não cumpriu a lei ao não avisar que a doença havia sido confirmada em um dos pacientes. A notificação teria acontecido após a morte dele.
Cintra afirma que, sendo verdade ou não a falha no aviso, não é bom para a imagem da empresa, mas ainda é cedo para mensurar se haverá impacto.
"Isso (notícias sobre falhas) não é boa divulgação, Mas também não sei se chega a comprometer demasiadamente a imagem da operadora", diz. "Claro que agora todo mundo vai estar olhando atentamente os casos dela."
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