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Pandemia do coronavírus é diferente da crise de 2008, diz presidente do BC

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

23/03/2020 10h48

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou hoje que a crise financeira recorrente da pandemia do coronavírus é diferente da que ocorreu em 2008.

Segundo Campos Neto, em 2008, os governos entenderam que uma concentração maior, com fusões ou compra de bancos, era necessária para que o sistema financeiro tivesse mais solidez.

"Os governos ficaram com bastante medo do risco sistêmico nos países e entenderam que ter um sistema mais concentrado, mas mais sólido, era uma troca que, naquele momento, fazia sentido", declarou.

Bancos não tem problemas no balanço, diz BC

Ele relembrou que as instituições financeiras tinham problemas nos balanços e não tinham condições de honrar os compromissos.

"Os bancos estão com liquidez, com capital, com bastante sobras para emprestar. O que nós vimos e antecipamos é que existiria essa necessidade de liquidez por conta da incerteza de atravessar esse período. Então as empresas iriam sacar o máximo de liquidez do sistema financeiro para ter caixa para atravessar esse período", disse.

Campos Neto também declarou que a crise agora é no setor real e ela é causada pelo distanciamento social entre as pessoas, que impede o consumo. Ele citou que o setor de serviços, o maior da economia brasileira, será fortemente afetado porque não há como repor os serviços que não foram prestados.

"Uma indústria pode aumentar sua produção com mais turnos e compensar o que deixou de produzir. No setor de serviços, não há como compensar a perda. Uma pessoa não vai cortar o cabelo quatro vezes porque deixou de cortar na crise, por exemplo", disse.