Maia: Fim do isolamento é pressão de quem está 'perdendo dinheiro na Bolsa'
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocou a saúde da população em primeiro lugar e defendeu que o debate sobre a validade do isolamento social é apenas uma pressão de investidores que estão perdendo dinheiro com o declínio da Bolsa de Valores.
"Acho que a gente tem que tratar do curto prazo, daquilo que a gente consegue aprovar na Câmara dos Deputados. Esse enfrentamento sobre sair ou não sair do isolamento nada mais é que a pressão de milhares de pessoas que aplicaram seus recursos na Bolsa. E a gente não pode deixar de cuidar das pessoas porque estão perdendo dinheiro na Bolsa", disse Maia durante reunião do Fórum de Governadores.
Segundo Maia, essa pressão ficou mais evidente nos últimos "quatro ou cinco dias" e é característica do mercado financeiro. "Eles são assim, né? Eles vivem de estatística. Todos nós que fazemos política vivemos de vidas, então é isso que a gente tem que saber equilibrar, as vidas e os empregos", avaliou.
Após a reunião, em entrevista coletiva, Maia voltou a citar investidores da Bolsa e disse que "quem foi para o risco, foi para o risco", e que agora o que a sociedade precisa é de previsibilidade. "Se o governo já tivesse resolvido [a questão da] renda dos brasileiros mais simples, todos estariam fazendo isolamento [sem se preocupar]", rebateu.
Antes disso, aos governadores, o deputado já havia pedido organização e objetividade nas ações de combate ao novo coronavírus, principalmente porque o ambiente no âmbito federal "não é dos melhores". "A gente precisa resolver o curto prazo: emprego, renda para os mais pobres e condições para os estados e municípios continuarem funcionando", disse.
Plano Mansueto e renda mínima
Ainda na reunião do Fórum de Governadores, Maia citou a necessidade de aprovação do chamado Plano Mansueto, idealizado pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. Ele disse que o projeto, voltado ao socorro aos estados e municípios em dificuldade financeira, será entregue à Câmara pelo secretário até amanhã.
"A gente precisa estar bem articulado", reforçou. "[A gente precisa] da união dos 27 governadores, dos nossos partidos e dos nossos líderes para que a gente possa passar, a partir de quinta, sexta ou até segunda, primeiro o Plano Mansueto, depois as matérias de interesse de cada um de vocês [governadores]."
O presidente da Câmara também comentou sobre a proposta de implementação de uma renda mínima, prometida, segundo ele, pelo governo federal. "O governo já topou um valor maior, mas vamos colocar um valor ainda maior [em discussão]. Os mais vulneráveis precisam de um apoio maior por parte do governo", defendeu Maia.
Substituta para a 'MP da morte'
O deputado ainda revelou que o governo prometeu editar "entre hoje e amanhã" uma outra medida provisória (MP) que permite a suspensão de contratos de trabalho durante o isolamento social. Ao contrário da MP 927, apelidada de "MP da morte", este novo texto deve prever uma compensação para os trabalhadores a partir de recursos públicos.
"Eu disse a eles que, se o governo não mandasse, o Congresso iria legislar. A gente não podia deixar esse assunto continuar avançando sem uma solução", contou Maia. "Fica parecendo que eles estão esticando a corda exatamente para obrigar parte da sociedade a ir para a rua e ficar em estado de maior pânico em relação aos próximos passos".
Proteção aos idosos
Posteriormente, na coletiva, Maia também disse esperar do governo federal a criação de um protocolo para proteger os idosos mais pobres, que normalmente vivem em residências pequenas e junto a vários familiares mais jovens que continuam saindo de casa, o que os coloca em risco de infecção pelo coronavírus.
"A partir do momento que o governo tiver uma política séria e construir uma situação de isolamento para essas pessoas, certamente a gente terá condição de liberar os mais jovens [para voltar às atividades]. Pedir uma liberação vertical sem uma operação de guerra para proteger os idosos de comunidades me parece uma decisão não muito bem elaborada", opinou.
Ontem, em pronunciamento duramente criticado por diversos setores da política e da sociedade civil, o presidente Jair Bolsonaro questionou o fechamento de escolas e universidades e voltou a se referir à covid-19, que já matou 57 pessoas no Brasil e mais de 16 mil no mundo inteiro, como "gripezinha".
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