'Não é o isolamento que afeta a economia, é a pandemia', diz Meirelles
Ex-ministro da Fazenda e atual secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, disse hoje que a pandemia de coronavírus, e não as medidas de isolamento contra o contágio, é a verdadeira responsável pela crise econômica que atinge o estado e o Brasil. Hoje, o governador João Doria (PSDB) estendeu a quarentena em São Paulo até, pelo menos, o dia 31 de maio.
Durante entrevista coletiva concedida hoje no Palácio dos Bandeirantes, ele afirmou que é um equívoco dizer que a quarentena causa problemas para a economia. Ele citou o exemplo do setor de serviços domésticos, que foi atingido mesmo sem ter qualquer restrição imposta.
"Existe um equívoco de que o isolamento social, a quarentena, está causando a crise econômica. É ao contrário. A crise é causada pela pandemia. Parece óbvio, mas no discurso de muitos, inclusive em esferas de poder, estão agindo em direção contrária. O setor mais afetado pela crise foi serviços domésticos, que não foi objeto de nenhuma restrição. No entanto, foi o mais afetado pela preocupação das pessoas. O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater", ressaltou.
Meirelles não citou nomes, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos principais críticos às medidas de isolamento social e as associa com frequência à crise na economia e ao desemprego. Ontem, acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) para uma reunião de emergência com empresários e o presidente da corte, Dias Toffoli, em que voltou a defender a retomada do comércio e das atividades econômicas. No encontro, Guedes disse que "a economia está começando a colapsar".
Na coletiva de hoje, Henrique Meirelles destacou que a retomada econômica está diretamente ligada ao controle da pandemia de covid-19.
"O resultado para as experiências que aconteceram em outros países que passaram pelo pico, a atividade econômica começa a retornar após a pandemia estar controlada. A quarentena tem por finalidade combater de forma eficaz a contaminação", comentou.
As regras para retomada do comércio estão no Plano São Paulo e estão condicionadas a três fatores: redução sustentada de casos de covid-19 durante duas semanas, isolamento social acima de 55% e taxa de ocupação de UTIs em no máximo 60%.
Até o momento, a situação é oposta em São Paulo. A adesão ao distanciamento social fechou em 47% nos últimos três dias. A curva de contágio está em ascensão e as UTIs na Região Metropolitana de São Paulo estão com 89% de ocupação.
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