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Consultoria lista 7 tendências para o mundo pós-coronavírus

Divulgação/Fjord
Imagem: Divulgação/Fjord

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/05/2020 04h01

Todos os anos, desde 2007, a Fjord, divisão de inovação da Accenture, prepara um relatório com as tendências para o futuro dos negócios, da tecnologia e do design. Apresentado em dezembro do ano passado, com sete grandes tópicos, o estudo acaba de ser "atualizado" com demandas geradas pelo avanço da pandemia da covid-19 pelo mundo.

"Esta não é uma desaceleração econômica comum: mudanças fundamentais no comportamento do consumidor e nas cadeias de suprimentos estão derrubando empresas. Algumas dessas mudanças são temporárias, enquanto outras terão um impacto duradouro, mas não sabemos o quanto. Mas sabemos que algumas coisas nunca mais serão as mesmas", diz o relatório.

"As 'tendências' que estão aflorando agora não são tendências novas. São caminhos que foram acelerados por causa da pandemia, numa via sem volta", declara Fábio Mariano Borges, professor da ESPM/SP.

Todas as tendências apontadas pela Fjord sofreram algum tipo de atualização. Veja abaixo:

  • Várias formas de crescimento

Como você motiva as pessoas? As companhias já precisavam ter um conjunto mais amplo de objetivos de negócio, além do lucro. Com a pandemia, isso foi acelerado. Organizações (e até mesmo indivíduos) estão sendo julgados por suas respostas à covid-19. Empresas estão mudando seus esforços de maneira rápida. Esse foco mudou para preencher lacunas em suprimentos médicos, por exemplo. As empresas precisam incorporar novas métricas, além do crescimento financeiro, como novos comportamentos.

  • O "novo" dinheiro

A forma de lidar com o dinheiro estava mudando. Mas, agora, as pessoas estão mais conscientes que as cédulas e moedas carregam bactérias e transmitem doenças. Além disso, como a liberdade das pessoas de irem às lojas passou a ser restrita, alguns países se transformaram em sociedades "quase sem dinheiro". Novas experiências de pagamento serão ainda utilizadas como pontos de diferenciação e interrupção. Carteiras digitais e pagamentos biométricos serão cada vez mais utilizados. Confiança será chave neste momento.

  • Códigos de barras ambulantes

A chegada do 5G vai criar oportunidades para novos produtos e serviços. Mas este impacto vai além de conexão mais rápida. O controle de doenças está na vanguarda da utilização dos dados. Muitos governos estão usando os telefones das pessoas para monitorar seus movimentos e criando aplicativos para manter o controle sobre aqueles que estiveram perto de alguém com o vírus. Singapura, por exemplo, está rastreando a população, publicando dados detalhados de cada caso. A "internet das coisas" virará "internet dos organismos".

  • Pessoas "líquidas"

As prioridades das pessoas estão mais "fluidas". 2020 já seria um ano em que as empresas precisariam pensar em propósito e consumo consciente. Com a pandemia, isso vai além: as prioridades mudaram. A população está pensando no que realmente é importante para cada um. O lar passou a ser considerado um "espaço seguro". Os idosos, propensos a problemas maiores com a covid-19, estarão ainda mais em primeiro lugar. Sua empresa precisa ajudar as pessoas a liderarem com a ansiedade causada pelo isolamento social e com escolhas éticas.

  • Desenhando inteligência

As prioridades da inteligência artificial eram agregar valor e apoiar a criatividade humana. Agora, a IA, aliada aos especialistas humanos, tem uma função muito maior: não apenas prever o início de uma epidemia, mas também como ela se espalhará. Um sistema de inteligência artificial que usa câmeras equipadas com sensores infravermelhos e que medirá a temperatura das pessoas em áreas públicas já está em uso em estações ferroviárias de Pequim.

  • Dublês digitais

A criação de "dublês digitais" já estava a todo vapor. Serão oportunidades personalizadas de entretenimento e que, em pouco tempo, estarão combinadas a outros serviços. Agora, com cerca de um terço da população global em casa, menos pessoas estão resistentes ao conceito. Quem estava menos à vontade com a tecnologia digital está aprendendo sobre ela e, aos poucos, a achando menos assustadora. As empresas, agora, precisam fazer com que as pessoas confiem em seu "anfitrião".

  • Design centrado na vida

A covid-19 acelerou a mudança de "eu" para "nós". Todos estão sendo forçados a redesenhar suas vidas para o bem dos outros. Comprar coisas tornou-se fisicamente mais difícil. O senso de comunidade recebeu um impulso enorme. O mundo digital deve substituir modelo de negócios de envolvimento e autoatendimento. O surgimento do conceito "caremongering", que fala sobre cuidar de seus vizinhos e de parentes mais distantes, surgiu no Canadá e rapidamente se espalhou pelo mundo. É improvável que desapareça rapidamente. As pessoas passaram a desejar mais atenção.