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Secretário defende fim do abono salarial para ampliar o Bolsa Família

Do UOL, em São Paulo

17/06/2020 14h39Atualizada em 17/06/2020 15h42

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou hoje que o gasto social no Brasil é comparável ao de "países ricos da Europa" e não precisa aumentar. Ao citar o total de gastos sociais do país, o secretário incluiu despesas com saúde, educação e Previdência Social.

Ele defendeu que o país discuta como gastar melhor esse dinheiro. Propõe, por exemplo, acabar com o abono salarial, pago anualmente a trabalhadores que ganham até dois salários mínimos por mês.

"A gente tem programas que são pouco distributivos, como por exemplo o abono salarial. O abono salarial é quase um 14º salário para quem ganha até dois salários mínimos, e esse é o problema, ele não é focado [nos mais pobres] como os demais programas", declarou durante participação no UOL Entrevista na tarde de hoje.

Ele também criticou isenções fiscais a produtos da cesta básica, que, segundo ele, beneficiam quem não precisa. "Se eu compro um produto da cesta básica, eu tenho acesso a um benefício ao qual eu não deveria ter direito, só uma pessoa de baixa renda. Por que tenho acesso a isso? Era melhor o governo [usar] o dinheiro que gasta com o subsídio da cesta básica e transformar esse dinheiro em benefício para as pessoas vulneráveis", disse.

Elogios ao Bolsa Família

Almeida elogiou o programa de transferência de renda Bolsa Família, que paga benefícios a pessoas na pobreza ou na extrema pobreza. Segundo ele, o programa é "muito bom" e mais eficaz do ponto de vista de distribuição de renda.

"A gente tem um programa distributivo muito bom que é o Bolsa Família. A gente poderia ter um debate aberto com o Congresso para tentar realocar parte do que se chama social para o Bolsa Família", afirmou. "Como é que a gente muda a composição desse gasto para programas que são mais distributivos, que ajudam mais as pessoas de baixa renda e as pessoas pobres? Eu acho que esse debate é muito importante e tem que acontecer."

O secretário declarou ainda que não se pode, simplesmente, fazer política social aumentando gastos do governo. Se for feito dessa forma, seria precisa aumentar a arrecadação de impostos para cobrir a conta.

"Se o governo começa a gastar mais, ele vai ter que aumentar a carga tributária, num país em que a carga tributária real já é alta. Ninguém quer pagar mais imposto", afirmou.