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De Adidas a Unilever: veja quem participa do boicote ao Facebook

Johanna Geron/Reuters
Imagem: Johanna Geron/Reuters

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/07/2020 04h01Atualizada em 03/07/2020 15h30

A lista de empresas que anunciaram um boicote publicitário ao Facebook não para de crescer. Desde o lançamento do movimento Stop Hate For Profit ("pare de dar lucro ao ódio", em tradução livre), no meio de junho, mais de 240 marcas se uniram à iniciativa, que exige que a rede social seja "menos complacente" com mensagens de ódios publicadas na plataforma.

Marcas como Adidas,Volkswagen, Coca-Cola, Diageo, Ford e Unilever são algumas das principais empresas que anunciaram o boicote às redes sociais, independente da adesão ao movimento —confira abaixo uma lista mais completa de quem deixará de anunciar nas plataformas.

"Não há lugar para o racismo no mundo e não há lugar para o racismo nas mídias sociais. Vamos usar esse tempo para reavaliar nossa política de marketing e determinar quais revisões serão necessárias. Também esperamos mais responsabilidade e transparência de nossos parceiros de mídias sociais", declarou James Quincey, CEO e presidente do conselho da Coca-Cola Company.

Boicote até o fim do ano?

O Stop Hate For Profit, organizado por grupos de direitos civis norte-americanas, é "uma resposta à longa história do Facebook de permitir que conteúdo racista, violento e falso seja disseminado em sua plataforma". Para mostrar que não lutava sozinho, o movimento solicitou que as marcas parassem de anunciar nas empresas de Mark Zuckerberg durante o mês de julho.

Mas as empresas foram além. Algumas delas já anunciaram que vão estender seus boicotes até o final do ano. Outras, ainda, também deixarão de anunciar em outras redes sociais e de compartilhamento de conteúdo, como o Twitter e o YouTube.

O boicote também atingirá as redes sociais no Brasil. Isto porque as orientações de empresas como Coca-Cola e Diageo são globais. A marca de refrigerantes, por exemplo, anunciou que irá interromper suas "postagens pagas e orgânicas em todas as plataformas de mídia social", por, pelo menos, 30 dias.

Facebook se defende

O Facebook gera 98% de sua receita por meio de anúncios. A companhia recebeu US$ 17,4 bilhões em publicidade apenas no primeiro trimestre de 2020. Ontem de manhã, a empresa se defendeu, por meio de um comunicado.

No texto, assinado por Nick Clegg, pelo vice-presidente global de políticas públicas e comunicação do Facebook, a empresa comenta as críticas que tem recebido e declara que "não lucra com o ódio".

"Quando a sociedade está dividida e as tensões aumentam, essas divisões aparecem nas redes sociais. (...) Talvez nunca consigamos erradicar que o discurso de ódio apareça no Facebook, mas estamos melhorando o tempo todo para impedir esse tipo de conteúdo", afirma.

Para Michel Lent, especialista em marcas e serviços digitais, o boicote serve para "acordar" as redes. "Ele é muito relevante, pois chama a atenção do mercado para o problema do discurso do ódio e das manipulações da informação. Além disso, reforça a necessidade destas megaplataformas prestarem ainda mais atenção sobre a responsabilidade que elas têm, alterando até os destinos políticos de muitos países", afirma.

Maiores anunciantes (ainda) de fora

Segundo a empresa Pathmatics, as 100 marcas que mais investem no Facebook foram responsáveis por apenas 6% de seus US$ 70 bilhões em receita de publicidade no ano passado. De acordo com a CNN, apenas três dos 25 principais anunciantes da rede entraram no boicote (Microsoft, Starbucks e Pfizer). Juntos, investiram US$ 2 bilhões na plataforma em 2019.

Por outro lado, uma pesquisa da Federação Mundial de Anunciantes afirmou que quase um terço dos 58 maiores anunciantes do mundo pretende suspender os investimentos com publicidade em plataformas de redes sociais. Entre as principais marcas, 5% disseram que já suspenderam as verbas destinadas a essas plataformas. Outros 26% afirmaram que provavelmente o farão.

Confira uma lista das empresas que participam do boicote —uma tabela completa das empresas que aderiram ao boicote está no site da iniciativa:

Adidas (Adidas e Reebok)
Boicote global, pelo menos em julho, ao Facebook e Instagram

Beiersdorf (Nivea e Coppertone)
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook e Instagram

Best Buy
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook e Instagram

Clorox (Pinho Sol e Glad, entre outras marcas)
Boicote global, até dezembro, ao Facebook e Instagram

Coca-Cola Company
Boicote global, em julho, ao Facebook, Instagram, Twitter e YouTube

Constellation Brands (Corona)
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook e Instagram

Danone
Boicote global, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

Diageo (Johnnie Walker, Smirnoff e Guinness, entre outras marcas)
Boicote nos Estados Unidos, a partir de julho, em todas as redes sociais

Dunkin' Donuts
Boicote nos Estados Unidos, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

Edgewell (Banana Boat)
Boicote na América do Norte e Europa, pelo menos em julho, ao Facebook e Instagram

Ford
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook, Instagram e Twitter

Henkel (Loctite)
Boicote nos Estados Unidos, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

Hershey Company
Boicote de ao menos um terço do investimento, até o final do ano, ao Facebook e Instagram

Honda
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook e Instagram

HP
Boicote nos Estados Unidos, pelo menos em julho, ao Facebook e Instagram

Kellogg Company (Kellogs, Pringles e Corn Flakes, entre outras marcas)
Boicote global, em julho, ao Facebook, Instagram e Twitter

Kimberly-Clark
Boicote nos Estados Unidos e Canadá, pelo menos em julho, ao Facebook e Instagram

Lego
Boicote global, por pelo menos 30 adias, em todas as redes sociais

Levi's
Boicote nos Estados Unidos, pelo menos em julho, ao Facebook e
Instagram

Mars (Snickers, Uncle Bens, Pedigree e Whiskas, entre outras marcas)
Boicote global, sem data de término definida, ao Facebook, Instagram, Twitter e Snapchat

Molson Coors (cervejas Coors Light, Miller Lite e Blue Moon)
Boicote nos Estados Unidos, sem data de término definida, ao Facebook, Instagram e Twitter

Patagônia
Boicote nos Estados Unidos, pelo menos até o final de julho, ao Facebook e Instagram

PepsiCo (Pepsi, Doritos, Rufles e Gatorade, entre outras)
Boicote global, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

Pernod Ricard
Boicote nos Estados Unidos, por pelo menos 30 dias, em todas as redes sociais

Pfizer
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook e Instagram

Puma
Boicote nos Estados Unidos, em julho, ao Facebook e Instagram

Starbucks
Boicote nos Estados Unidos, a partir de julho, em todas as redes sociais

The Body Shop
Boicote nos Estados Unidos, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

The North Face
Boicote nos Estados Unidos, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

Unilever
Boicote nos Estados Unidos, até o final do ano, ao Facebook, Instagram e Twitter

Verizon Media
Boicote nos Estados Unidos, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram

Volkswagen
Boicote global, sem data de término definida, ao Facebook e Instagram