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Comércio de rua do Rio ainda não reagiu às vendas após reabertura

Os dados são do Clube de Diretores Lojistas do Rio e do Sindicato dos Lojistas - Dikran Junior/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
Os dados são do Clube de Diretores Lojistas do Rio e do Sindicato dos Lojistas Imagem: Dikran Junior/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Da Agência Brasil

16/07/2020 21h11

As vendas do comércio da cidade do Rio de Janeiro, reaberto há poucas semanas, ainda não emitem sinais de qualquer reação de melhoria. Os dados são do Clube de Diretores Lojistas do Rio e do Sindicato dos Lojistas. Os números estão na contramão da maioria das capitais brasileiras, que já registram índices de crescimento pós-pandemia, apontados, inclusive, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com Aldo Gonçalves, presidente das duas entidades de classe, que juntas representam mais de 25 mil lojistas, neste início da reabertura o comércio registrou uma queda de 80% em média das vendas, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo ele, o comércio vem atravessando uma prolongada crise, acumulando resultados negativos, como reflexo da má situação política e econômica do Rio de Janeiro nos últimos anos. E, segundo ele, a pandemia de covid-19 agravou ainda mais esta situação.

"A economia já estava enfraquecida antes da pandemia de covid-19 ocorrer. O movimento de vendas do ano passado foi um fracasso. Nenhuma data comemorativa, nem mesmo o Natal, apresentou o resultado esperado. Já neste ano, em plena pandemia, datas como a Páscoa, o dia das mães e o dia dos namorados tiveram resultados igualmente negativos. E o fraco movimento registrado nessas primeiras semanas de reabertura do comércio tem mostrado que o consumidor continua preocupado com a doença e seus reflexos tanto na saúde como na economia, e, por isso, sumiu", avaliou Gonçalves, em nota.

De acordo com o Dieese, o comércio, responsável pela grande geração de emprego e renda, neste primeiro semestre já perdeu quase 500 mil postos de trabalho com carteira assinada no país, dos quais mais de 55 mil só no estado do Rio de Janeiro. E a Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC) apresentou outro dado preocupante: o comércio deixou de faturar R$ 240,8 bilhões em todo o Brasil, desde o início da pandemia. Isso se reflete diretamente no encolhimento da economia, com o fechamento de milhares de lojas e o consequente aumento do desemprego e da perda de receita dos estados.

Alta em maio

Para Aldo Gonçalves, o bom resultado apresentado na pesquisa do IBGE, que apontou um crescimento de 13,9% das vendas do comércio varejista em maio, em relação ao mês anterior, deve ser visto com cautela. "Na mesma pesquisa, o IBGE mostra queda de 7,2% quando compara as vendas de maio deste ano com o mesmo mês de 2019. Por isso, os números devem ser analisados sem euforia. O comerciante sabe que o caminho da recuperação é longo e difícil, com muitos obstáculos a superar", explicou.

Apesar de o governo ter disponibilizado linhas de crédito na tentativa de amenizar a crise, os comerciantes, especialmente os micro e pequenos empresários, vêm encontrando dificuldades para acessá-las. "Se isso não mudar rapidamente, milhares de negócios do setor não sobreviverão, ceifando outros milhares de postos de trabalho", alerta Gonçalves.

O presidente do CDL-Rio e do Sindilojas da Cidade do Rio de Janeiro destaca a necessidade de diálogo e da conjunção de esforços para buscar soluções para esta crise sem precedentes. "Não há caminho mais seguro para a retomada da recuperação da economia do estado e da cidade do que a união entre o poder público e as entidades de classe representativas do comércio e da sociedade. Não cabem mais decisões isoladas. É preciso sentar-se à mesa para discutirmos, juntos, projetos e programas de desenvolvimento em prol do interesse coletivo", avaliou Aldo Gonçalves.