Bolsonaro dá aval para Guedes, mas fala em "ouvir o povo" sobre nova CPMF
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que se "o povo não quiser", não recriará uma nova CPMF (imposto sobre transações). Na última semana o ministro da Economia, Paulo Guedes, recebeu aval do Planalto para discutir a implementação do novo imposto.
"Eu falei para ele [Paulo Guedes], quando for apresentar a vocês, botar os dois lados da balança. Se o povo não quiser, não vou falar nem do Parlamento, porque nós e o Parlamento somos subordinados ao povo. Se o povo acha que não deve mexer, deixa como está", disse Bolsonaro.
Bolsonaro diz que não haverá aumento da carga tributária e uma possibilidade estudada pelo Ministério da Economia é a redução dos tributos que as empresas pagam sobre a folha de salário.
Guedes tenta convencer Bolsonaro a enviar o projeto ao Congresso com a possibilidade de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda da pessoa física, hoje em R$ 1,9 mil por mês.
Desde a prisão de Fabrício Queiroz, em junho, está foi a primeira vez que Bolsonaro respondeu às perguntas de jornalistas. Amigo da família há décadas, Queiroz era assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e apontado como peça chave no esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, segundo o Ministério Público.
Bolsonaro disse que caso seja criado um novo imposto será necessário reduzir a carga para o cidadão. As declarações foram dadas a jornalistas em uma padaria no Lago Norte de Brasília - região nobre da capital federal.
"Pode ser o imposto que você quiser, você tem que ver por outro lado o que vai deixar de existir. Se vai diminuir através de imposto de renda, se vai aumentar isenção, se vai exonerar folha de pagamento, se vai também acabar com o IPI [imposto sobre produtos industrializados]", disse.
No mês passado, o governo enviou a primeira proposta de reforma tributária ao Congresso. A ideia do governo é fundir o PIS/Confis em um imposto único, chamado CBS (contribuição sobre bens e serviços).
A criação de uma nova CPMF é polêmica. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos principais articuladores da reforma, já se posicionou contra a recriação.
Auxílio de R$ 600
O presidente criticou, sem citar nomes, governadores que adotaram medidas restritivas contra o novo coronavírus. Ele disse que os mesmo governadores que "quebraram" a economia de seus estados, agora pedem que o auxílio emergencial de R$ 600 seja permanente.
Bolsonaro considerou que o benefício custa R$ 50 bilhões por mês aos cofres da União, e que a concessão por tempo indefinido iria "arrebentar a economia" do país. O auxílio é pago a trabalhadores informais, autônomos, microempreendedores e desempregados que ficaram sem renda durante a pandemia do novo coronavírus.
O presidente planeja criar o Renda Brasil. O programa seria um substituto do Bolsa Família. Para emplacar o projeto já tentou direcionar receitas do Fundeb (fundo básico da educação), mas a ideia foi rejeitada pelo Congresso. Ele ainda estuda formas de sustentar o programa de renda.
Comando do BB
Bolsonaro confirmou que o nome escolhido para assumir o Banco do Brasil "a princípio" é o do ex-presidente do HSBC Brasil André Brandão e, para bater o martelo na decisão, vai conversar nesta segunda-feira com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
"A princípio é ele", disse Bolsonaro ao ser perguntado se André Brandão seria o nome para o posto. "Vou falar com Guedes amanhã. Tenho total confiança no Guedes. A escolha é dele", completou.
Brandão foi bem visto pela equipe econômica por ter perfil semelhante ao de Roberto Campos Neto, que comando o Banco Central. Ambos construíram carreira na iniciativa privada e são jovens. Brandão substituirá o atual presidente do BB, Rubens Novaes.
*Com Estadão Conteúdo
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