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Bolsonaro libera notificação a mercados, mas diz que não tabelará arroz

Do UOL, em São Paulo

10/09/2020 19h18Atualizada em 10/09/2020 21h38

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ter autorizado a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) a notificar supermercados sobre o aumento do preço do arroz, durante a sua live semanal realizada na noite de hoje, nas redes sociais. Na mesma transmissão, no entanto, Bolsonaro afirmou que não pretende tabelar o produto.

"Por que aumentou o preço do arroz? Tem mais ou menos 10 anos que [os produtores] têm prejuízo no arroz. Como faz? Posso tabelar? Não pode. Mexe no mercado e fica pior. Não vou interferir no mercado, tem que valer a lei da oferta e procura", disse Bolsonaro. (Assista ao vídeo acima)

"O [ministro da Justiça e Segurança Pública] André Mendonça conversou comigo, como já tinha falado com [o ministro da Economia] Paulo Guedes, [a ministra da Agricultura] Teresa Cristina... [queria saber] por que o arroz subiu e o que poderíamos fazer para buscar solução. Ninguém quer tabelar nada, interferir em nada. Isso não existe. Interferindo, isso desaparece da prateleira e depois a mercadoria aparece no câmbio negro muito mais cara. Já temos experiência disso no Brasil. Na Venezuela, tudo é tabelado, mas não tem nada. André Mendonça falou comigo: 'posso botar secretaria nacional da defesa do consumidor para investigar por que o preço subiu?' Pode. E ponto final", prosseguiu.

Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, o Ministério da Economia pediu em ofício que a atuação da pasta da Justiça, ao buscar uma aplicação do Código de Defesa do Consumidor, não resulte em controle de preços ou incompatibilidade com os princípios de economia de mercado.

O pedido tem como base a iniciativa da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça, que notificou ontem a Abras (Associaçãoo Brasileira de Supermercados) e representantes de produtores de alimentos sobre a alta dos preços.

'Subiu por causa do auxílio emergencial'

Bolsonaro também justificou o aumento dos preços em produtos da cesta básica em decorrência do auxílio emergencial, dado pelo governo como ajuda durante a pandemia do novo coronavírus.

"Por que o arroz subiu de preço? Com auxílio emergencial, a pessoa começou a consumir um pouco mais, mas um pouco perto de milhões de pessoas ajudou a desaparecer essa mercadoria das prateleiras", alegou, sem comprovar com dados. "O dólar também está alto, facilitam as exportações. Tenho conversado sempre com os ministros, presidente do Banco Central, [sobre] o que a gente pode falar para o dólar aí não subir tanto, o que o governo pode fazer legalmente, obedecendo as regras do mercado", completou.

O presidente também disse ter conversado com representantes dos supermercados. "Uma conversa muito saudável, falaram que eles não são os vilões. A margem de lucro deles será reduzida ao máximo possível para colaborar, porque a economia tem que pegar. O Brasil tem que dar certo".

Auxílio chega ao fim após novas parcelas

Ainda durante a transmissão, Bolsonaro disse também que, após estender o auxílio emergencial até dezembro, o benefício irá acabar definitivamente, sob a justificativa de que o país não pode se endividar mais.

"Estamos vivendo ambiente muito bom, esse clima bom é que temos que aproveitar para aprovar projetos e fazer a economia pegar. Se não trabalhar, não come. A gente lamenta, mas o auxílio emergencial era para três meses, prorrogamos para cinco meses e agora acabou", afirmou ele.

"Criamos um outro auxílio, agora de R$ 300. Não é porque quero pagar menos, mas o Brasil não tem como se endividar mais. O endividamento cresce muito, juros podem crescer, pode voltar inflação. Não quero culpar ninguém, mas vamos pedir auxílio para quem tirou seu emprego. 'Fique em casa, a economia a gente vê depois'. Agora chegou o boleto", ironizou, criticando o fechamento de parte das atividades durante a quarentena.

Embora o governo de Bolsonaro tenha anunciado mais quatro parcelas de R$ 300 no auxílio emergencial, apenas quem começou a receber o auxílio em abril vai conseguir todos os pagamentos. Os demais beneficiários terão direito a menos parcelas.

O Ministério da Cidadania, responsável pelo auxílio, afirmou que o número de parcelas de R$ 300 (ou R$ 600 para mulheres chefe de família) depende de quando a pessoa começou a receber o auxílio.