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Brigas de Maia e Guedes passam por nova CPMF, Previdência e privatizações

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

01/10/2020 04h00

A conturbada relação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ganhou mais um capítulo ontem.

Guedes afirmou que há boatos de que Maia fez um acordo com a esquerda para não pautar as privatizações. Durante a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho, Guedes afirmou também que o debate sobre o tema está interditado. O presidente da Câmara rebateu dizendo que Guedes está "desequilibrado".

Maia também tem dito que o governo será derrotado no plenário da Câmara se enviar ao Congresso uma proposta de uma nova CPMF. Para rebater as declarações do presidente da Câmara, Guedes tem afirmado que o debate sobre a reforma tributária não pode ser interditado.

Veja abaixo mais casos de desentendimento entre os dois:

Fim do diálogo

Logo depois de ter recebido das mãos do ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) o texto da reforma administrativa, Maia disse que Guedes proibiu conversas entre técnicos da equipe econômica e ele. O presidente da Câmara declarou que conversaria apenas com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos.

Em entrevista à Globo News, Maia disse que não tem conversado com Guedes e que o ministro "tem proibido a equipe econômica de conversar comigo". "Ontem, a gente tinha um almoço com o Esteves e com o secretário do Tesouro para tratar do Plano Mansueto, e os secretários foram proibidos de ir à reunião", disse o presidente da Câmara na ocasião.

Socorro aos estados gerou nova crise

Maia acusou Guedes e sua equipe de usar fake news para desqualificar o projeto de socorro a estados aprovado pelos deputados. A equipe econômica divulgou uma nota afirmando que o impacto da proposta era muito maior do que o projeto aprovado pela Câmara.

"Eu não vou entrar nesse jogo de números, nessa fake news da equipe econômica, usando números para tentar enganar a sociedade e a imprensa", criticou Maia.

O relator do texto, deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), calculava que a proposta de ajuda da Câmara teria impacto de R$ 89,6 bilhões. Segundo Maia, em um dos cenários traçados, a equipe de Guedes estimou que o custo do projeto aprovado pela Câmara chegaria a R$ 289 bilhões. Guedes não respondeu às críticas de Maia, mas o episódio azedou a relação entre os dois.

Primeira crise na reforma da Previdência

A sucessão de desentendimentos entre Guedes e Maia começou na reforma da Previdência. Após a apresentação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), Guedes afirmou que a proposta cedia a privilégios e abortava a proposta de capitalização, gerando necessidade de nova reforma no futuro.

"Eles [parlamentares] mostraram que não há compromisso com as novas gerações. O compromisso com os servidores públicos do Legislativo foi maior do que o com as novas gerações", criticou Guedes.

Em resposta, Maia (DEM-RJ), afirmou que as críticas eram injustas e que o governo se tornou uma "usina de crises".

"Nós blindamos a reforma da Previdência de crises que são, muitas vezes, geradas quase todos os dias pelo governo. Cada dia um ministério gerando uma crise. Hoje, infelizmente, é o meu amigo Paulo Guedes, gerando uma crise desnecessária", afirmou Maia a jornalistas.