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Seguro-desemprego: PF apreende mala com R$ 500 mil em ação contra fraude

Polícia Federal estima que a mala continha mais de meio milhão de reais, em notas de R$ 50 e R$ 100 - Divulgação / Polícia Federal de Alagoas
Polícia Federal estima que a mala continha mais de meio milhão de reais, em notas de R$ 50 e R$ 100 Imagem: Divulgação / Polícia Federal de Alagoas

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Recife

14/10/2020 21h16

Uma mala com aproximadamente R$ 500 mil em espécie foi apreendida pela PF (Polícia Federal) em Arapiraca (AL), na manhã de hoje, durante a operação "Seguro-Mamata", que investiga a atuação de organização criminosa em fraudes para saque de seguro-desemprego nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e São Paulo. Segundo a polícia, o grupo atuava desde 2016 e causou prejuízo de quase R$ 12 milhões.

A mala de dinheiro foi encontrada na casa de uma servidora pública suspeita de participar do grupo criminoso. Apesar de ter sido flagrada com dinheiro de origem não comprovada, a mulher não foi presa pela Polícia Federal. Ela não teve o nome divulgado.

Quarenta mandados de busca e apreensão e um de prisão, expedidos pela Justiça Federal, foram cumpridos durante a operação. Um empresário foi preso no município de Boca da Mata (AL). O nome do preso não foi divulgado pela polícia. A Justiça Federal determinou ainda o afastamento cautelar de 16 servidores públicos supostamente envolvidos na fraude.

Além da mala de dinheiro, a PF informa ter apreendido aparelhos eletrônicos, como notebooks, computadores, HDs e pen-drives, e documentos que serão analisados pelos investigadores. O material e o empresário preso foram levados para a sede da PF em Maceió, localizada no bairro de Jaraguá.

Policiais federais estão fazendo a recontagem das cédulas para divulgar o valor exato do dinheiro apreendido, mas estimaram que a mala continha mais de meio milhão de reais, em notas de R$ 50 e R$ 100.

Segundo a PF, o núcleo da organização criminosa funcionava em Arapiraca e comandava as ações ilícitas em outros municípios do país. Entre os investigados estão servidores públicos, lotados em delegacias do trabalho e Caixa Econômica Federal, além de contadores e empresários.

A PF informou que investigava o grupo havia um ano e meio e que identificou dezenas de vínculos empregatícios de supostos empregados com empresas fantasmas e empregadores individuais para que, após as supostas demissões, a fraude ocorresse com o saque do seguro-desemprego.

"Os envolvidos foram indiciados pelos crimes de constituição de organização criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informações, peculato e estelionato, cujas penas máximas, se somadas, atingem 37 anos de reclusão", explicou a PF.

O delegado Leopoldo Soares Lacerda, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em Alagoas, relatou que a polícia descobriu a atuação criminosa depois que a Caixa Econômica Federal identificou saques de seguro-desemprego suspeitos, pois os beneficiários seriam ex-funcionários de um pequeno grupo de empresas.

"A operação de hoje é resultado de uma investigação que se iniciou em dezembro de 2018, a partir de uma comunicação da Caixa Econômica Federal de alguns saques suspeitos de seguro-desemprego concentrados em poucas empresas e com dados também bem suspeitos que poderiam ser configurados como fraude. No meio desse ano, o delegado de Polícia Federal que presidia essa investigação representou à Justiça Federal o mandado de busca e apreensão e de prisão contra os principais envolvidos identificados durante a investigação", disse o delegado.

Lacerda destacou que as investigações apontaram que a organização criminosa se espalhava em quatro estados (Alagoas, Pernambuco, Sergipe e São Paulo), "mas era concentrada em Alagoas, na região de Arapiraca."

"A fraude está estimada em R$ 12 milhões aos cofres públicos, mas, a partir da ação de hoje, podemos identificar outras provas, e essa cifra pode subir ainda mais", ressaltou o delegado de Polícia Federal.

Em Alagoas, as apreensões ocorreram nos municípios de Maceió, Anadia, Boca da Mata, Coruripe, União dos Palmares, Arapiraca, São Miguel dos Campos, Palmeira dos Índios, Atalaia, Limoeiro de Anadia, Maribondo. Em Pernambuco, a polícia cumpriu dois mandados de busca e apreensão na Agência do Trabalho de Palmares e em uma residência no mesmo município. As demais apreensões ocorreram em Aracaju, São Paulo, Franco da Rocha (SP) e Barueri (SP).