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"Ataque à reputação", diz cofundadora do Nubank sobre reclamações no Pix

Cristina Junqueira participa do programa "Roda Viva" - Reprodução/TV Cultura
Cristina Junqueira participa do programa "Roda Viva" Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

19/10/2020 22h35

Cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira rebateu reclamações reclamações de clientes em cadastro das chaves do Pix sem autorização, e disse se tratar de um "ataque à reputação" do banco. Os relatos de cadastro sem consentimento se acumularam nas redes sociais na semana passada.

"A gente está com mais de 10 milhões de chaves Pix registrada no Banco Central hoje. Se a gente estivesse fazendo algo sem consentimento, já teria aparecido muito mais reclamações", disse ela, durante o programa "Roda Viva", da TV Cultura.

O Pix é o novo sistema de pagamentos instantâneos ainda a ser colocado em operação pelo Banco Central. Ele surge como opção às transferências por DOC e TED. O cadastro para pessoas físicas começou no último dia 5 e a operação se iniciará em 16 de novembro.

O Banco Central contabilizou até esta quarta-feira (14) o cadastro de 33.772.391 chaves de identificação do Pix. O Nubank é o líder, com 8.086.037, seguido por Mercado Pago, PagSeguro, Bradesco e Caixa.

"É uma constante luta contra esse um pouco de ceticismo, um pouco de ataque a nossa reputação. Mas a gente está aqui para lutar, acabar com a complexidade e devolver para as pessoas o controle do dinheiro delas. E a gente vai chegar lá", acrescentou, em seguida.

O cadastramento tem que ser feito com a anuência dos clientes, mesmo que as instituições financeiras já possuam os dados para o cadastro. Segundo relatos de usuários do Nubank e do Mercado Pago, foram feitos cadastros sem autorização e o cancelamento da operação também foi dificultado.

O Procon paulista questionou as duas instituições sobre as principais reclamações dos clientes e estabeleceu um prazo de 72 horas para que elas enviem as respostas, a contar de hoje.

Entre as questões estão perguntas de como está sendo feito o cadastro e a confirmação do mesmo, as opções de cancelamento e as providências que estão sendo tomadas para atender às reclamações. O Procon também questionou se o eventual cadastro sem autorização pode ter ocorrido por um problema dos sistemas das instituições.

Luta contra racismo

Durante a entrevista, Junqueira também falou sobre iniciativas do Nubank na contratação e inclusão de pessoas negras no mercado de trabalho.

"A gente criou dentro da pandemia um grupo para focar no recrutamento, na contratação de candidatos e funcionários de minorias. A gente tem investido é em formação para garantir que o acesso que estamos tendo do 'pool' de candidatos seja o mais diverso possível. A gente hoje não tem um problema dentro da organização de retenção ou avanço quando fala-se de minorias. O que a gente tem é uma subrepresentatividade étnica, racial, que a gente esta atuando bastante para corrigir", pontuou.

Questionada sobre o alto nível de exigência em recrutamentos, Junqueira ressaltou. "Não dá para a gente nivelar por baixo. Por isso, a gente quer fazer esse investimento em formação. Imagina que a gente esta criando um programa gratuito que a gente vai ensinar a ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso e a gente vai capacitar essas pessoas".

Nubank encara XP

Em setembro, o Nubank anunciou a compra da corretora Easynvest, conforme busca entrar no mercado de investimentos, que tem crescido no Brasil diante do cenário de taxas de juros bastante baixas. Valores da operação não foram revelados na ocasião.

"Uma das premissas do que a gente queria fazer é criar algo 'tão simples', 'tão intuitivo que as próprias pessoas entendam o que esta acontecendo e tomar a decisão por elas mesmas. Estamos bastantes animados, mas a transação ainda precisa ser aprovada pelas autoridades", afirmou.

"A ideia é que consiga oferecer essas soluções de investimento para os 30 milhões de clientes que a gente tem do lado do Nubank. Você comentou das taxas né? É um absurdo, num país onde já é difícil ter uma rentabilidade com o patamar de taxas de juros que a gente tem hoje, aí você tem fundos DI, que tem uma rentabilidade atrelada ao CDI, cobrando mais de taxa de administração do que tem a rentabilidade, pelo amor de Deus...", protestou.

Questionada se a aquisição da Easynvest seria para bater de frente com a líder do setor, a XP Investimentos, Junqueira desconversou. "Olha, nada vai impedir dos clientes analisarem as duas funções, mas acho que a grande competição é a gente tirar esse dinheiro todo [R$ 1 trilhão, estima-se] que está na poupança [do brasileiro]...", afirmou.

Venda e IPO da Nubank

Junqueira também rebateu rumores de venda da Nubank e citou a possibilidade, em algum momento, de levar o IPO (oferta pública de ações) da fintech adiante.

"Não tem a menor possibilidade [de vender a Nubank]. Toda empresa tem dois caminhos: ou ela abre capital, ou ela em algum momento é vendia. O Nubank é nosso projeto de vida. A gente está construindo empresa para 20, 30, 40, 50 anos", disse ela.

"Em algum momento o IPO vem, é um fluxo natural da evolução do ciclo de maturidade da empresa, não é algo que estamos com pressa para fazer. Ser uma empresa de capital fechado tem muitas vantagens, tem muita gente no mercado de olho no que estamos fazendo. Então quanto mais a gente conseguir se manter privada a nossa estratégia, nossos números, o que estamos fazendo, para a gente é melhor. Mas o caminho não vai ser vender, não", avisou.