Por que a Havan, do empresário Luciano Hang, desistiu de entrar na Bolsa?
A rede de varejo Havan desistiu de fazer o seu IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) na Bolsa brasileira, segundo dados divulgados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O recuo do empresário Luciano Hang, um notório apoiador do presidente Jair Bolsonaro, foi formalizado na segunda-feira (26).
Quais as dificuldades para levar a operação adiante?
A oferta da companhia tinha sido protocolada na CVM no fim de agosto. No início das negociações, o empresário tinha colocado como alvo atingir um valor de mercado de R$ 100 bilhões. Quando as conversas efetivamente começaram com os bancos, esse valor já havia sido reduzido a R$ 70 bilhões. Mas nem assim a operação saiu do papel.
Além disso, o mercado está muito seletivo e podendo aproveitar muitas ofertas de ações neste fim de 2020. Com isso, a quantidade de empresas desistindo de entrar na Bolsa vem aumentando —foram 14 nas últimas semanas. Ainda assim, o ano já é de recorde de emissão de ações na B3: o volume já supera R$ 95 bilhões, ante R$ 90 bilhões no ano passado, a máxima anterior.
Para que seria usado o dinheiro do IPO?
De acordo com o documento disponibilizado no site do órgão regulador, a operação teria como coordenadores Itaú BBA, XP Investimentos, BTG Pactual, Morgan Stanley, Bank of America, Bradesco BBI, Banco Safra e Santander Brasil. O acionista vendedor no IPO seria o controlador da companhia, Luciano Hang.
Na ocasião, a companhia disse que pretendia utilizar os recursos da oferta primária em investimentos para expansão de lojas e do centro de distribuição, para abertura de novas lojas e para suporte do crescimento orgânico, além de investimentos em tecnologia e reforço no capital de giro.
A Havan deve retomar o IPO no ano que vem?
Sim, a Havan deve tentar retomar seu projeto de oferta inicial de ações em 2021.
O que a empresa poderia mudar para melhor sua avaliação?
De acordo com o especialista em finanças Washington Mendes, da Home Finanças, para retornar a proposta, a varejista terá que investir na sua plataforma de e-commerce.
"A Havan daria um tiro no pé se abrisse capital na B3 neste momento. Devido à pandemia, as pessoas estão fazendo muitas compras pela internet e essa plataforma deles é muito fraca", avalia o especialista.
De acordo com Mendes, a Havan engatinha no mercado digital. Segundo ele, apenas uma varejista vale mais em Bolsa que os R$ 100 bilhões pretendidos por Luciano Hang: o Magazine Luiza, com R$ 153 bilhões.
"As polêmicas de Luciano Hang com a política também influenciam no preço de ação da Havan", disse Mendes. Hang é conhecido pelo apoio incondicional ao presidente Jair Bolsonaro e por declarações polêmicas.
Rede teve prejuízo no primeiro semestre
No primeiro semestre deste ano, a Havan teve prejuízo líquido de R$ 127,5 milhões, comparado a um lucro líquido de R$ 193,9 milhões no mesmo período de 2019. A receita líquida, de janeiro a junho, foi de R$ 3,27 bilhões, ante R$ 3,63 bilhões no mesmo período de 2019.
(Com agências de notícias)
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