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Maia diz que governo é incompetente por não expandir o Bolsa Família

Eduardo Militão e Rayanne Albuquerque

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

18/12/2020 12h58Atualizada em 18/12/2020 20h03

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) chamou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de incompetente, e responsabilizou a gestão por não expandir o programa de assistência social Bolsa Família e o auxílio emergencial.

O deputado também reafirmou, em discurso feito hoje na tribuna da Câmara, que Bolsonaro mentiu ao atribuir a Maia o fato de não pagamento do 13º salário do Bolsa Família, além de ter uma narrativa similar aos dos "extremistas bolsominions".

Na pauta do dia da Câmara foram discutidas a votação do Projeto de Lei Complementar 137/20, que libera cerca de R$ 167 bilhões para o combate aos efeitos econômicos gerados pela pandemia da covid-19, e a MP (Medida Provisória) 1000/20, que prorrogou o auxílio emergencial.

"Se hoje o presidente não consegue promover uma melhora ou expansão do Bolsa Família, a responsabilidade é exclusiva dele. Que tem um governo que é liberal na economia, mas não tem coragem de implementar essa política principalmente no Parlamento", disse.

Maia declarou que a população não merece pagar pela "incompetência do governo" e que foi a Câmara dos Deputados quem comandou o país em 2019, enquanto "Bolsonaro ameaçava o país com as redes sociais dele".

"Eu precisava fazer o meu discurso para resguardar a imagem dessa casa e da minha presidência porque amanhã a narrativa vai deixar de ser do 13º do Bolsa Família e ele [Bolsonaro] vai dizer que fomos nós que acabamos com o auxílio emergencial porque não votamos a MP", explicou.

Maia disse que foi importante a obstrução do governo para impedir a votação da MP, enviada pelo próprio governo, que reduz o auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300.

"Isso está registrado na imprensa, está registrado aqui no plenário, porque nós queremos, eu tenho certeza, estamos dispostos ainda a trabalhar no mês de janeiro, construir os caminhos para que 8, 10, 12 milhões de brasileiros possam ser incluídos no Bolsa Família de forma que se possa respeitar o orçamento primário."

"Continuarei leal adversário de Bolsonaro", diz Maia

No discurso, Rodrigo Maia disse que será "leal adversário do presidente", embora possa ser "aliado do governo" em certos temas.

"Eu continuarei sendo leal adversário do presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil. E serei aliado do governo, não do presidente, nas pautas que modernizam o Estado brasileiro, respeitando o limite de gastos", disse Maia.

O deputado disse que "a população não merece pagar a conta da incompetência e da falta de coragem do governo" em fazer a reestruturação das despesas do Estado.

Maia diz que Bolsonaro mente

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou ainda que Jair Bolsonaro mente e tem discurso igual ao de "extremistas bolsominions". A fala rebateu a acusação do chefe do executivo sobre Maia ser o responsável pela ausência de pagamento do 13º e do Bolsa Família.

"Aliás, muita coincidência a narrativa que ele usou ontem com a narrativa que os bolsominions usam há um ano comigo, em relação às medidas provisórias que perdem a validade nesta casa."

Maia disse as críticas são feitas com o mesmo tipo de narrativa, tanto pelo presidente quanto pelos seus eleitores. "A narrativa que eu deixei caducar a MP do décimo terceiro [do Bolsa Família] não vem de hoje. Peguem as redes sociais dos extremistas bolsominions que você vai ver: 'Rodrigo Maia derruba e caduca Medida Provisória do 13º do Bolsa Família."

Governo pede para não votar 13º do Bolsa Família

Pouco depois do meio-dia, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que, "na verdade", foi pedido para o Bolsa Família não ser votado. No primeiro semestre, quando o tema estava no Senado, o relator Randolfe Rodrigues (Rede-AP) colocou emenda para estender o 13º salário ao benefício e também ao Benefício da Prestação Continuada (BPC). Barros disse que "não há necessidade de ser apreciada [votada]" a Medida Provisória 1.000 - que incluiria emenda para o 13º e aumento do auxílio emergencial.

A seguir, Maia saiu da cadeira de presidente e se dirigiu à tribuna, de onde discursam os demais deputados. Ele disse que faltou "coragem" a Jair Bolsonaro para discutir o 13º salário do Bolsa Família.

Falta de coragem para debater 13º

"Quando você disputa uma eleição para ser presidente do Brasil, você assume a responsabilidade de dar o norte do nosso país", protestou Maia."Infelizmente, não é o que tem acontecido nos últimos quase dois anos. E digo mais: se o presidente da República tivesse tido coragem, podíamos estar discutindo o 13º do Bolsa Família aqui hoje, podíamos estar discutindo a expansão do auxílio emergencial aqui hoje."

A responsabilidade do contexto que o país atravessa em relação aos serviços de assistência é do presidente Bolsonaro, segundo Rodrigo Maia.

"Se hoje o governo não consegue promover uma melhora no Bolsa Família para esses milhões de brasileiros que ficarão sem nada a partir de 1º de janeiro, a responsabilidade é exclusiva dele [Bolsonaro], que tem um governo que é liberal na economia mas não tem coragem de implementar essa política dentro do governo e principalmente dentro do Parlamento."

Negacionismo do governo impulsionou Congresso, diz Maia

O presidente da Câmara disse que, durante a pandemia de coronavírus, o governo agiu com "negacionismo" científico e mencionou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, "ficou um mês no Rio de Janeiro".

"Garantimos o país funcionando porque o negacionismo do governo e a depressão do ministro da Economia fizeram com que o Parlamento assumisse esse papel", disse Maia, no discurso.