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Bolsonaro critica auxílio estadual contra a pandemia: 'Povo dominado'

"Você passa a ser obrigado a ser sustentado pelo Estado", disse o presidente - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
"Você passa a ser obrigado a ser sustentado pelo Estado", disse o presidente Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

12/03/2021 11h43

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje o auxílio emergencial pago pelos cofres estaduais a pessoas impedidas de trabalhar durante a pandemia de coronavírus. Segundo ele, isso é uma forma de tirar a "liberdade" das pessoas aos poucos por causa das políticas de confinamento e toque de recolher, que ele classificou como "estado de sítio".

Hoje, pelo menos três estados e o Distrito Federal pagam ou discutem o pagamento de um auxílio emergencial bancado com seus próprios recursos.

"Você vê que tem governador agora que está falando em auxílio emergencial, né?", disse o presidente a um grupo de apoiadores no jardim do Palácio do Alvorada, em Brasília, na manhã de hoje. "Ele quer fazer o 'Bolsa família' próprio. Quanto mais gente vivendo de favor do Estado, mais dominado fica esse povo."

O pessoal vai devagar, devagar, tirando seus meios, sua esperança, seu ganha-pão. Você passa a ser obrigado a ser sustentado pelo Estado."
Jair Bolsonaro, presidente da República

Bolsonaro repetiu declarações que tem dado nos últimos dias. Afirmou que "o que nós temos mais de sagrado é nossa liberdade", mas que as pessoas não se importam com isso. Reafirmou a ideia, dita no ano passado, segundo a qual seria "fácil impor uma ditadura no Brasil" a partir dessas medidas de restrição de circulação.

Ao final das críticas, uma mulher cantou a música "Pra cima, Brasil", de João Alexandre Silveira, diante do presidente. Dois versos dizem: "Homens com tanto poder e nenhum coração/ gente que compra e que vende a moral da nação". No entanto, a apoiadora disse entender que o primeiro verso "não é o caso" de Bolsonaro.

Na conversa com os apoiadores, Bolsonaro disse ser contra o confinamento para evitar o contágio do vírus, contra o toque de recolher à noite e contra o auxílio emergencial pago pelos estados. No entanto, o governo federal articula com o Congresso uma nova rodada de pagamentos do benefício. Seriam R$ 44 bilhões para fazer os repasses às pessoas atingidas economicamente pelas medidas de restrição de circulação.

Governos de direita e esquerda pagam benefício

Atualmente, em pelo menos três estados e no Distrito Federal, o auxílio emergencial já foi votado pelas assembleias legislativas ou colocado em prática pelos Executivos locais. O Amazonas, do governador Wilson Lima (PSC), foi o primeiro e enfrentar a nova variante do coronavírus e a explosão de mortes. A gestão dele concede o benefício à população carente.

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), sancionou projeto de lei da Assembleia Legislativa. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou o pagamento do benefício neste ano.

Em Brasília, os deputados distritais aprovaram a retomada dos pagamentos, no valor de R$ 408, este ano. Falta a sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB).