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Fabio Hering revela bastidores da recusa de fusão com Arezzo

Fabio Hering, presidente da Cia Hering - Ana Paula Paiva/Valor/Folhapress
Fabio Hering, presidente da Cia Hering Imagem: Ana Paula Paiva/Valor/Folhapress

Colaboração para o UOL

16/04/2021 08h42Atualizada em 16/04/2021 09h22

A Hering fechou o dia de ontem em alta na Bolsa de Valores brasileira após anunciar que recusou uma fusão com a Arezzo. Em entrevista ao Valor Econômico, Fabio Hering, presidente da marca de roupas, explicou os bastidores da decisão.

Hering realizou uma reunião com acionistas e com o conselho de administração do grupo e, juntos, chegaram à conclusão de que a união não faria sentido no momento, já que a marca está em processo de transformação cultural e digital. "Temos plano estratégico montado. A Hering é vista como 'bbb' (boa, bonita e barata) para o mercado", disse. Na lista de mudanças, está uma nova presidência: no próximo mês, Thiago Hering, filho de Fabio, deve assumir a liderança da empresa.

Mesmo com o não dado para a Arezzo, o chefe da companhia falou que pode considerar outras propostas. "Estamos abertos a várias alternativas, que incluem fusões e aquisições. Tenho uma paixão pela Hering, mas que não me faz ter apego", comentou.

O CEO acha que ela estava um pouco esquecida no mercado e que, na visão de acionista, "o preço da Hering está de graça". Sobre a proposta da Arezzo, Hering afirmou não ter ficado ofendido e não carregar ressentimentos.

"Sou um executivo experiente, tenho 62 anos e já passei por muita coisa na vida. Ficar ofendido não faz parte do business. Mas achei que foi uma abordagem mal estruturada", comentou. A família Birman, dona da Arezzo, é próxima da família de Hering e, segundo ele, elas costumavam discutir ideias de estratégia para as marcas, mas sem intuito de unir as lojas.

Como a área do varejo está sendo até hoje afetada pela pandemia, o presidente da Hering foi perguntado também sobre lockdown e suspensão do comércio. "O que tem de prevalecer no Brasil é o bom senso. É muita polarização para lá e para cá. Sou a favor de um lockdown muito mais voltado para o comportamento das pessoas, de não aglomerarem. Mas não sou a favor de fechar tudo. Deveria ser mais flexível. O dano é muito grande na economia", opinou.

Além disso, Fabio Hering falou ser contra a compra de imunizantes por iniciativas privadas. "Isso é um movimento que inflacionaria o preço das vacinas. É dever do governo comprar", afirmou.