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Mercado vê menos risco e reage com otimismo à sanção do Orçamento

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

23/04/2021 10h43

Resumo da notícia

  • Bolsa abre em alta e dólar opera perto da estabilidade, ao redor da menor cotação em dois meses
  • Corte de R$ 20 bilhões em despesas evita o pior cenário, segundo agentes de mercado
  • Mas orçamento limitado ainda preocupa investidores, dizem especialistas

O mercado reage positivamente nesta sexta-feira (23) à sanção do Orçamento do governo federal pelo presidente Jair Bolsonaro, feita na noite dessa quinta-feira (22). Na abertura dos negócios, o Ibovespa apontava alta - de 0,7% às 10h30 - enquanto o dólar comercial era cotado na venda ao redor da menor cotação em dois meses, a R$ 5,47 às 10h30.

A preocupação dos agentes de mercado era com o risco de impeachment caso Bolsonaro sancionasse um Orçamento com gastos acima dos limites estabelecidos por regras da legislação fiscal, como o teto de gastos. A negociação que permitiu o corte de R$ 20 bilhões foi considerada positiva por analistas porque reduz essa incerteza - ao menos por enquanto.

A solução encontrada pelo governo, em acordo com os parlamentares, foi a de vetar R$ 19,8 bilhões em emendas parlamentares e outras despesas do Orçamento. Outros R$ 9 bilhões de despesas não obrigatórias serão bloqueados por meio de decreto presidencial e esse valor será remanejado para bancar gastos obrigatórios.

Os acertos entre o Executivo e o Legislativo não foram os melhores para o país, mas os melhores para o momento de pandemia na segunda onda e necessidade de gastos adicionais. Pelo menos, não foi acionado o estado de calamidade que seria quase um cheque em branco. O projeto tem ainda um dispositivo que permite bloquear por decreto, despesas discricionárias para recompor custos obrigatórios. O jeito encontrado deve elevar a dívida pública, e o custo dessa dívida já vem subindo com a taxa de juros. Foi um jeito que o governo conseguiu de manter o equilíbrio "instável" de sua base de apoio, e deixar aberta a possibilidade de perseguir reformas estruturantes.
Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais

O mercado ficou menos preocupado com o risco de o governo não respeitar os limites de gastos, fator que vem afastando investidores estrangeiros tanto de Bolsa quanto de projetos de longo prazo na economia real. Isso reduz o fluxo de moeda estrangeira para o Brasil.

Quanto menos incertezas, maior a possibilidade de o país atrair esse capital, aliviando a pressão negativa sobre o real e sobre o Ibovespa

O ideal seria um corte de pelo menos mais R$ 10 bilhões, porém em termos de Brasil, infelizmente continuam a lidar com o possível e não o ideal.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset

Para economistas de mercado, com uma dívida bruta que já alcança 90% do PIB (Produto Interno Bruto), qualquer sinalização de que o governo federal vai buscar respeitar as regras que limitam as despesas pública a novas receitas - a chamada política fiscal - já serve como alívio para o câmbio.

A definição do orçamento deste ano, junto com a mudança de tom de Bolsonaro na Cúpula do Clima e o arrefecimento das taxas de juros longas americanas, dão espaço para o fortalecimento da moeda doméstica. Nossas estimativas indicam que os riscos fiscais e o agravamento da pandemia no Brasil frente às economias desenvolvidas, têm implicado em uma depreciação excessiva do real frente ao dólar de cerca de 15%.
José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos