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Ex da Xuxa faz anúncio de "robô da Nasa" e promete ganho de 300%. É fraude?

Luciano Szafir fez propaganda de empresa que promete retorno de 300% ao mês - Reprodução
Luciano Szafir fez propaganda de empresa que promete retorno de 300% ao mês Imagem: Reprodução

Carolina Pulice

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/04/2021 18h51

O ator Luciano Szafir, ex-namorado da apresentadora Xuxa e pai de sua filha, Sasha, aparece como garoto-propaganda de uma empresa de investimento com "robôs da Nasa" que promete retornos de mais de 300% ao mês. No vídeo da IQ Option, o ator afirmava que um "algoritmo exclusivo" garantia ganhos sem muito trabalho.

Com a repercussão, o ator usou suas redes sociais nesta segunda-feira (26) para se desculpar e disse que solicitou à empresa que retire a propaganda do ar.

Especialistas ouvidos pelo UOL alertam que propagandas como essa são perigosas porque o risco de golpe é grande.

Qualquer promessa de rentabilidade acima da taxa de juros do país [hoje em 2,75%] é pirâmide ou fraude. Não existe isso de ganhar dinheiro 100% das vezes operando em um mercado volátil.
Rodrigo Tonon Marcatti, sócio-fundador da Veedha Investimentos

Robôs investidores têm se tornado cada vez mais comuns no Brasil, mas Marcatti diz que "pode ser o melhor ser humano, combinado com o melhor robô, não vai ter [retorno como esse]".

A propaganda enganosa

Na propaganda, o ator afirma que o investimento é feito com robôs da Agência Espacial dos Estados Unidos, a Nasa, mas não fica claro de que maneira os investimentos são feitos.

"Você pode ter seu próprio algoritmo de negociação exclusivo, seu próprio robô, o robô da Nasa, e ter uma rentabilidade de até 300% ao mês sem saber escrever uma única linha de código", afirma o vídeo.

Para Renato Breia, sócio-fundador da casa da análise Nord Research, a propaganda oculta o nível de risco de um investimento como esse.

A plataforma é muito mais parecida com o mercado de apostas do que com um fundo quantitativo.
Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research

"Um fundo quantitativo, que é gerido através de um robô, pode perder tanto ou mais dinheiro do que um humano. Não tem garantia nenhuma de sucesso. E quando a gente olha a propaganda, fica sugerido que o investimento é bom a ponto de não se perder dinheiro", diz Marcatti.

CVM suspendeu anúncio da IQ Option

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula o mercado de capitais no país, anunciou no sábado a suspensão da veiculação de qualquer oferta pública de oportunidades de investimento em valores mobiliários por parte da IQ Option.

Em nota, a CVM afirmou que a empresa não tem autorização para captar clientes no Brasil e que atuou irregularmente no "mercado Forex (Foreign Exchange), em Contracts For Difference (CFD) e em opções binárias".

O UOL procurou a IQ Option, mas a empresa não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Na versão em português do seu site, a empresa afirma que não está autorizada pela CVM a oferecer diretamente serviços de distribuição de valores mobiliários a investidores no Brasil e que "nada" no site "deve ser entendido como uma oferta direta de serviços endereçados a esses investidores".

Ator pediu desculpas

No Instagram, Szafir pediu desculpas pela propaganda e disse ter solicitado que ela seja retirada das plataformas da empresa.

Já providenciei a retirada do comercial das mídias sociais da empresa. Errei ao gravar esse vídeo sem ter condições de avaliar a idoneidade da empresa. Assumo esse erro e peço desculpas.
Luciano Szafir, ator

"O valor recebido será doado a uma instituição escolhida por minha assessoria, que certamente fará um bom uso do recurso."

Como usar robôs para investir?

Embora o episódio tenha mostrado que há promessas irregulares de retorno fácil e rápido, o uso de robôs pelo mercado financeiro já é uma realidade.

Os fundos quantitativos utilizam robôs e inteligência artificial para prever preços de ativos. O robô segue parâmetros estabelecidos para operar de forma a garantir retornos sem a possibilidade de um erro causado por uma decisão passional ou motivada por uma emoção.

Há gestoras especializadas em fundos quantitativos dentro e fora do país, e esses investimentos podem ser bons para aqueles com perfis mais arrojados, explica Marcatti. Segundo ele, ao montar um portfólio de um cliente mais arrojado, os fundos quantitativos podem representar de 5% a 10% de sua carteira.

"Às vezes, é bom ter o produto na carteira como diversificação, porque ele sofre menos com ruídos de mercados. [O robô] não ouve boatos", diz.

Mas, como todo investimento em renda variável, o risco de perda é alto.