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Morre Bernie Madoff, autor do maior golpe financeiro da história, nos EUA

Madoff foi condenado a 150 anos de prisão por orquestrar um esquema de pirâmide estimado entre US$ 25 bilhões e US$ 63 bilhões - Stephen Chernin/Getty Images
Madoff foi condenado a 150 anos de prisão por orquestrar um esquema de pirâmide estimado entre US$ 25 bilhões e US$ 63 bilhões Imagem: Stephen Chernin/Getty Images

Do UOL, em São Paulo *

14/04/2021 11h16Atualizada em 14/04/2021 19h59

Morreu hoje o norte-americano Bernard "Bernie" Madoff, autor do maior golpe financeiro da história, aos 82 anos. A informação foi confirmada pela Agência Federal de Prisões dos Estados Unidos, que ainda vai avaliar qual foi a causa da morte do financista.

Madoff foi condenado em 2009 a 150 anos de prisão por orquestrar um esquema Ponzi, um esquema de pirâmide, com danos estimados entre US$ 25 bilhões e US$ 63 bilhões. O financista estava cumprindo a pena em um centro de detenção na Carolina do Norte, nos EUA.

Nascido em 29 de abril de 1938, em Nova York, Madoff abriu sua primeira empresa em 1960, investindo US$ 5.000 economizados durante a época em que trabalhava como salva-vidas em uma praia.

Ao longo de sua carreira, o financista foi presidente da Nasdaq, primeira Bolsa de Valores eletrônica do mundo, e atraiu empresas como Apple, Google e Cisco para o mercado financeiro.

Sua vida foi retratada no filme O Mago das Mentiras, com Robert de Niro no papel principal e produção da HBO Films. A atriz Michelle Pfeiffer interpreta Ruth Madoff, mulher de Bernie Madoff e parceira involuntária dos acontecimentos.

A pirâmide financeira que atingiu mais de 3 milhões

A posição de Madoff em Wall Street lhe garantiu reputação e confiança no mercado, instrumentos que seriam essenciais para seu esquema fraudulento, que vitimou mais de 3 milhões de pessoas no mundo todo, levando muitos deles à falência. Um dos atingidos foi o cineasta Steven Spielberg.

Madoff orquestrou uma fraude do tipo esquema de pirâmide, que funciona apenas enquanto novos investidores continuam entrando no sistema — e, quando os aplicadores param de entrar, a operação não consegue cobrir os retornos vantajosos prometidos e quebra.

Enquanto o esquema permaneceu de pé, Madoff não investiu um único centavo do dinheiro pago a ele pelos clientes. Ao invés disso, o financista utilizava os recursos de novos investidores para pagar os clientes anteriores.

O terremoto que derrubou a pirâmide de Madoff foi a crise do setor imobiliário, em 2007, que prenunciou a crise econômica de 2008, quando o financista não conseguiu arcar com a crescente demanda por saques de seus investidores.

Autoridades do Departamento de Justiça dos EUA confiscaram quase US$ 4 bilhões de Madoff com o intuito de indenizar as dezenas de milhares de pessoas que foram vítimas do financista entre as décadas de 1970 e de 2000.

No início do ano passado, advogados tentaram reduzir a pena de 150 anos de Madoff, alegando que o financista sofria de uma "doença renal terminal" e gostaria de sair da cadeia para morrer em paz, mas tiveram o pedido negado pela Justiça americana.

Lucro com chocolate quente na prisão

Na prisão, segundo o jornalista Steve Fishman, apresentador do podcast "Ponzi Supernova" e que manteve contato com Madoff no centro de detenção, o financista chegou a monopolizar a venda de chocolate quente.

"Ele comprou todos os pacotes de Swiss Miss (marca de chocolate quente) no armazém e os vendeu com lucro no pátio da prisão", disse Fishman, em janeiro de 2017, para o site de notícias financeiras americano MarketWatch.

* Com informações da AFP e da Ansa, em Nova York (EUA)