Cedae é leiloada por R$ 22,7 bi, em vitória dos governos federal e estadual
O leilão da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro) na Bolsa de Valores, em São Paulo, concedeu à iniciativa privada a prestação do serviço de água e esgoto em regiões do estado por R$ 22,7 bilhões. O valor ficou 133% acima do mínimo esperado, em média, que era de R$ 10,6 bilhões.
Com a concessão, após mais de cinco anos de briga, parte do fornecimento de água do estado estará nas mãos de dois consórcios por 35 anos. Os contratos envolvem investimentos de cerca de R$ 30 bilhões. O objetivo, além da distribuição de água, é obter a universalização da coleta e tratamento de esgoto para cerca de 13 milhões de pessoas. A Cedae continuará existindo, por meio da captação e venda de água para os concessionários.
A Aegea, empresa que tem como sócios o fundo soberano de Cingapura (GIC) e a Itaúsa, foi a grande vencedora, arrematando dois lotes. O grupo Iguá, do fundo canadense CPPIB, ganhou o bloco 2. Um dos quatro blocos oferecidos não foi arrematado.
Veja o resultado do leilão.
Aegea fica com parte do Rio e mais 26 cidades
- Lote 1: formado pela zona sul do Rio de Janeiro e por 18 cidades, que incluem São Gonçalo e Maricá. Aegea levou por R$ 8,2 bilhões, 103,13% acima do valor mínimo, de cerca de R$ 4 bilhões.
- Lote 4: formado pelo centro e zona norte do Rio de Janeiro e por oito cidades, incluindo Duque de Caxias, Belford Roxo e Nilópolis. Aegea vai pagar R$ 7,2 bilhões, 188% acima do valor mínimo.
Iguá leva regiões da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá
- Lote 2: formado pelas regiões da Barra e Jacarepaguá do Rio de Janeiro e pelas cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes. A Iguá Saneamento venceu com a oferta de R$ 7,3 bilhões, ante um mínimo de R$ 3,17 bilhões, o que equivale a um ágio de 129,68%.
Ninguém arrematou bloco com zona oeste do Rio
- Lote 3: formado pela zona oeste do Rio de Janeiro e seis cidades. As propostas foram retiradas, e o lote não foi concedido. O governo do estado, que não contava com falta de interesse por algum bloco, disse que agora vai estudar formas de voltar a oferecê-lo para a iniciativa privada e vai aproveitar para fazer acordos com os municípios englobados por ele.
Vitória do governo ocorre após briga na Justiça
A privatização acontece em meio a uma briga de liminares. Por ora, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o governador interino do Rio, Claudio Castro (PSC), saem fortalecidos na disputa política.
Considerado o maior projeto de infraestrutura do país, o leilão da Cedae era de interesse pessoal de Guedes, que considera a privatização da companhia como o primeiro passo de outras concessões que ele deseja fazer. Por isso, o leilão contou com a presença do presidente Bolsonaro e do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Esse é o momento que marca o nosso mercado, a nossa economia e a nossa história. (Nosso) governo é voltado para a liberdade de mercado, (contamos) com a confiança dos investidores e a crença de que o Brasil pode ser diferente.
Presidente Jair Bolsonaro, no leilão da Cedae
Foi o presidente quem bateu o martelo que marcou o encerramento do leilão. Antes do evento, parte de sua comitiva foi alvo de ovos na chegada à Bolsa, mas os integrantes não foram atingidos.
Castro, que pode assumir o cargo de forma definitiva ainda hoje, preferiu acompanhar o leilão presencialmente a ver a votação do impeachment de Wilson Witzel (PSC), que aconteceu simultaneamente, no Rio.
Apesar de ser uma vitória política do governo federal e do Rio de Janeiro, a oposição e grupos contra a privatização ainda tentam barrar o processo. A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) votou ontem um projeto de lei que impediria o leilão de hoje, mas um decreto de Castro e uma liminar do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) garantiu o leilão. Os parlamentares estão recorrendo na Justiça.
Após o leilão, Guedes comemorou. "Um ágio de mais de 100% na outorga, assumindo a responsabilidade de fazer mais de R$ 30 bilhões de investimento ao longo dos próximos anos. São mais de R$ 50 bilhões que são colocados nesses compromissos sociais", disse.
O ministro repetiu que o leilão reforça a confiança de investidores no país. "O Brasil vai retomar o crescimento. Nós vamos atravessar as duas ondas, a da pandemia que está aí e a ameaça econômica", afirmou.
* Com informações do Estadão Conteúdo e da Reuters
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