Aumento de gás encanado vale a partir de hoje, mas conta não deve subir já
O reajuste de 39% no preço do gás natural encanado, definido pela Petrobras em abril passa a vigorar a partir de deste sábado (1º). Ele será repassado aos consumidores, informou a Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), mas isso não é imediato. Depende ainda de revisão tarifária feita pelas agências reguladoras estaduais. Esse aumento não é do gás em botijão, apenas do encanado.
Compete aos estados regular o fornecimento de gás encanado. Em São Paulo, por exemplo, o processo de reajuste tarifário para as três companhias que fornecem gás encanado ocorrerá em 31 de maio. O estado é o maior consumidor de gás encanado do país e consome metade da produção nacional, segundo a Abegás.
No Brasil, 91% das famílias usam gás de botijão para cozinhar, enquanto apenas 8% usam gás encanado, segundo dados de 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Reajuste pode afetar consumo, diz Abegás
De todo o gás natural produzido no país, a indústria consome 43%, a geração de energia elétrica usa 38%, veículos movidos a gás utilizam 9%, e as famílias consomem 2%.
Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, declarou que o aumento da Petrobras será repassado aos consumidores, sem que as distribuidoras tenham nenhum ganho com isso.
Ele disse que os ganhos das empresas são regulados e definidos pelas agências estaduais que fixam o valor das tarifas. Para ele, o encarecimento pode afetar o consumo do gás encanado.
"Os aumentos no preço do gás natural não trazem benefícios para as distribuidoras. Ao contrário, acabam tirando competitividade do gás natural em relação aos outros combustíveis como gasolina, óleo combustível, gás de botijão e energia elétrica. Muitas indústrias migram do gás natural para a geração por meio de biomassa, e isso pode voltar a acontecer", disse.
Dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostram que 58% do valor da tarifa diz respeito ao preço do gás natural vendido pela Petrobras e pelas transportadoras. Os tributos federais e estaduais representam 24% do total pago pelo consumidor final e 18% ficam a distribuidora.
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